399-2023-05

71 AutoData | Maio 2023 sileiro, principalmente fabricantes de ve- ículos pesados. Por muitos anos a MWM se benefi - ciou do fato de a produção de veículos diesel no Brasil ser pequena, o que não justificava o alto investimento em fábricas de motores – para alguns fabricantes era mais vantajoso comprar os propulsores de um fornecedor já instalado no País. Assim vieram os primeiros clientes veiculares como Ford e Chrysler, depois sucedida pela então nascente Volkswagen Cami- nhões e Ônibus – também esta uma cria- ção nacional de marca global com sede no Brasil, que até hoje é cliente da MWM. Se por um lado a independência de uma matriz estrangeira trouxe maior agi- lidade de decisões e poder de adaptação às condições particulares do mercado brasileiro a outra face deste voo solo era a limitação de caixa para investir no de- senvolvimento de produtos, pois todos os recursos tinham de ser gerados aqui. INTERNATIONAL Outro ponto histórico de inflexão acon - teceu em 2005, quando a MWM foi adqui- rida pelo Grupo Navistar, que quatro anos antes já havia comprado do Grupo Iochpe, no Brasil, a Maxion Motores, criando a International Engines South America. As- sim nasceu a MWM International, que além da fábrica de Santo Amaro, em São Paulo, ganhoumais duas unidades industriais que já pertenciam à Interna- tional: uma em Canoas, RS, outra em Jesús Maria, na Argentina A fusão formou uma cor- poração duas vezes maior em faturamento do que eram as duas empresas separadas, somando vendas de US$ 671 milhões. Cinco anos depois este valor foi quase que multiplicado por dois novamente, para US$ 1,2 bilhão, em 2010, com uma ampla carteira de clientes integrada por fa- bricantes de caminhões, ônibus, picapes emáquinas agrícolas e de construção. Estavam na lista de pedidos domésticos nomes como Ford, Gene- ral Motors, VWCO/MAN, Volvo, Agrale, International, Marcopolo, AGCO, Troller, NeoBus, JCB e Randon. A MWM encontrou na International uma porta para o mundo, com abertura de diversos mercados internacionais para produtos que continuavam a ser desen- volvidos no Brasil. A fusão deu início a pla- no de globalização, com a conquista de grandes contratos para fornecimento de motores para a Daewoo na Coreia, Otokar na Turquia e a própria Navistar/Interna- tional no México e nos Estados Unidos. Também foram fechadas associações para transferência de tecnologia e construção de fábricas com a JAC, na China, e com a Mahindra, na Índia. Em outro movimento – que se mos- traria salvador anos mais tarde – a MWM começou a produzir, em Santo Amaro, a partir de 2011, motores sob contrato de manufatura para a alemã MAN, que na virada da década havia comprado aVWCO no Brasil e passou a utilizar seu motor D08 em caminhões e ônibus Volkswagen. Dez anos depois a MWM começou a produ- zir um segundo motor MAN, o D26 que equipa os caminhões VW Meteor e Constella- tion, e também exporta para a MAN na Alemanha os blocos usinados deste propulsor. CRISE E REESTRUTURAÇÃO O período de maior prosperidade da MWM durou cerca de uma dé- cada. A partir de 2015 a cri- se econômica começou a bater forte no faturamento, com re- dução significativa das vendas de caminhões e ônibus no País, e consequente corte no forne- cimento de motores para eles. A queda de receitas foi aprofundada pelomovimento de verticalização da produção de motores pelos Motor KD12: primeiro produtor vendido e produzido pela MWM no Brasil, para uso industrial, agrícola e barcos.

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=