399-2023-05

70 Maio 2023 | AutoData INDÚSTRIA » HISTÓRIA retira qualquer conflito de interesse para futuras negociações, além de aumentar muito as possiblidades de conquista de novos contratos de manufatura: “A fusão cria uma empresa que oferece aos clien- tes desde as partes fundidas à usinagem até a montagem completa de motores, incluindo serviços de engenharia e o ge- renciamento da cadeia de fornecedores e logística. Isto é único no mundo: só nós podemos oferecer. Já recebemos muitas consultas de interessados e novos con- tratos deverão ser anunciados”. A primeira sinergia da união já está acontecendo: a Tupy, que até este ano não atuava no mercado de reposição de peças, já colocou seus blocos e cabeço- tes fundidos na lista de componentes co- mercializados no aftermarket pela MWM, que atua no segmento com um amplo centro de distribuição em Jundiaí, SP, e tem seiscentos distribuidores no Brasil e setecentos em outros países. Com a MWM a Tupy também entra no nascente e de grande potencial mer- cado de descarbonização com produção e uso de biogás. A MWM já desenvolveu e vende desde o ano passado motores a gás e biometano para seus geradores de energia ou caminhões de qualquer marca, e também converte veículos diesel para o gás. A empresa oferece o ciclo com- pleto do biocombustível para fazendas, pois também tem parceria com a Sansuy para fornecer biodigestores que extraem o biogás de resíduos e dejetos orgânicos e também produzem fertilizante natural. O primeiro projeto de economia circular do biogás da MWM Tupy será instalada em Toledo, PR, em terreno da Coopera- tiva Primato: treze cooperados fornecerão dejetos da criação de porcos, dos quais serão extraídos biogás, depois refinado em biometano para abastecer geradores de energia na propriedades e a frota de caminhões do empreendimento. Os ve- ículos farão o transporte dos resíduos e fertilizantes, que adubam as plantações locais de milho e soja para produzir rações que alimentam os suínos. Luzzi observa que este é só começo de uma nova era para as duas empresas que já têm longas histórias atrás de si – a Tupy tem85 anos –, e juntas deverãomultiplicar negócios com velhos e novos clientes, além de abrir novos campos de atuação, recuperando rapidamente o investimento de R$ 865 milhões aportados pela Tupy para comprar a MWM. ESTRANGEIRA SEM MATRIZ Ao contrário da maioria das grandes corporações multinacionais que se instala- ramno Brasil aqui aMWM trilhou caminhos independentes da matriz estrangeira, com engenharia própria e produtos brasileiros. O primeiro passo neste sentido aconteceu no início dos anos 1970, quando a empresa começou a produzir na fábrica paulistana motores para caminhões, algo que não fazia a MWM alemã – sigla da Motoren- -Werke Mannheim, fundada em 1922 por Karl Benz, o inventor do automóvel com motor a combustão, que em 1926 vendeu a divisão ao grupo alemão Knorr-Bremse. Os poucos laços que restavam com a engenharia da matriz alemã foram per- didos de vez em 1986, quando a Knorr- -Bremse foi comprada por outro grupo, que vendeu a unidade de motores na Alemanha para a Deutz. Assim a MWM transformou-se em um exótico caso de empresa de capital estrangeiro no Brasil sem sede no Exterior, mas com muitos clientes internacionais no mercado bra-

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=