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19 AutoData | Maio 2023 problema maior é o cenário em que esta mudança se dá. Já no último trimestre do ano passado a economia começou a dar sinais de desaquecimento, ao recu- ar 0,2%, e 2023 começou desorganizado pelos ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília, DF. A situação, portanto, desautoriza in- vestimentos elevados emveículos novos, menos ainda em momento de crédito caro e escasso, limitado pela taxa Selic de 13,75% ao ano desde agosto de 2022 – apesar do recuo da inflação pela metade, de 8,73% para 4,65% como indica o IPCA acumulado nos doze meses encerrados em março. Este conjunto da obra faz fa- bricantes de caminhões e ônibus pisarem fundo no freio neste início de 2023, como endossam as paradas de fábricas, com suspensão de turnos e de contratos de trabalho. Para Moraes enquanto não houver dis- sipação do mau momento econômico e definição de políticas para a indústria bra - sileira os investimentos ficam represados: “Sem uma mudança no cenário de curto e médio prazos teremos dificuldades e projetos podem ficar engavetados. Esta é a preocupação do setor. A expectativa para 2023 é que o investimento terá baixo crescimento”. O executivo lembrou ainda que o freio foi puxado justamente após um vultoso ciclo de investimentos dos fabri- cantes, que aportaramR$ 2,4 bilhões para desenvolver os veículos Euro 6. OCIOSIDADE No primeiro trimestre saltaramaos olhos os dados daAnfavea indicando que quase a totalidade dos 28,6 mil emplacamentos de caminhões, 93,6% ou 26,7mil, foramde modelos Euro 5. As montadoras tinhamaté 31 de março para vender seus estoques comamotorização antiga, de veículos pro- duzidos até 31 de dezembro. Portanto, em trêsmeses, apenas 6,4% das vendas, ou 1,8 mil unidades, tinham a nova motorização, o que resultou em fábricas praticamente paradas de janeiro a março. Roberto Cortes, presidente daVolkswa- gen Caminhões e Ônibus, chamou atenção para umgrande problema derivado do ce- nário ruim, que não deverá se resolver nos próximos meses: a capacidade ociosa da indústria. Ele aponta que asmontadoras de pesados têmcondições de produzir 400mil unidades/ano em três turnos ou 250 mil/ ano emdois, sendo que no ano passado o setor encerrou com 194 mil unidades pro- duzidas, o que se traduz emociosidade de 52% em três períodos ou de 23% em dois. Este ano, caso se confirme a projeção daAnfavea de queda de 20,4% nas vendas de veículos pesados, com 154mil unidades

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