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7 AutoData | Abril 2023 Foto: Ari Paleta capitalismo também no setor de veículos e abriu-se uma nova fronteira. E assim o País deveria estar aberto para isto que denominam eletrificação. Não está, pois as condições permanecem quase que as mesmas que estavam à mesa quando a bola 7 eram os autônomos. Não há crédito dedicado aos consumidores no banco, os preços relativos nunca estiveram tão altos – e isto no caso dos veículos dotados de motores a combustão, pois os elétricos são coisa só pra ricos. A indústria produz e/ou importa para, quem sabe, apenas 10% da população. FORD TINHA BOAS RAZÕES 4 A vantagem – vantagem ? – seria a transformação do parque instalado automotivo brasileiro, avaliado em cerca de 4,6 milhões de unidades/ano, em produtor, e grande exportador, de veículos dotados de motores movidos a combustão interna para países de população tão pobre quanto a nossa. É como se a roda da história passasse a se movimentar naquela direção anterior, rumo àquilo que já recebeu o adjetivo presidencial de carroças. Mas não para os interesses dos grandes usineiros contemporâneos, que não mais recebem o nome de santos de suas usinas e ostentam nomes corporativos universais. Pois o álcool combustível, ao qual só se referem como etanol, pode ser, mais uma vez, a salvação da lavoura da energia limpa e renovável da terra agregada à pauta ESG. São muitos os esforços neste sentido. FORD TINHA BOAS RAZÕES 5 Aposto que muito antes de alguns de nós gente da Ford já vira isto tudo, no sentido de enxergar, perceber. A Ford produz veículos mas produziu, historicamente, muita inteligência humana. Acredito que tenha percebido que não valia muito a pena para o bolso dos acionistas manter a maior parte dos valores que vinham sido investidos, há décadas, em certos países ao Sul do Equador. E que esta bufunfa poderia, muito bem, ser dedicada a outras causas, estas rentáveis. Fora deixando de ser bom negócio muitos e muitos anos atrás investir aqui, com o fim da ditadura civil-militar de 1964 a 1985, com o ascenso dos salários de chão de fábrica, aqueles que produzem o lucro para o acionista e para a empresa seguir radiante adiante e com a reeducação do consumidor gerada pelo contato com veículos importados. Mas negócios, que se saiba, no mundo capitalista, são apenas negócios e nada têm a ver com sentimentos de religião ou de bom-mocismo.

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