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53 AutoData | Abril 2023 zero-quilômetro – e reduziu o interesse dos fabricantes em lançar mais opções na categoria. Algumas até desistiram da categoria, como a própria Nissan, que en- cerrou a produção do compacto March no início de 2021. Kalume Neto concorda e afirma que o preço do carro de entrada “nunca esteve tão alto com relação ao salário mínimo e ao dólar”. Dados da Jato indicam que o modelo mais barato, em 2000, o Fiat Uno 1.0 EX, custava o equivalente a US$ 7 mil, preço que saltou para o equivalente a US$ 12,7 mil referente ao modelo mais barato atualmente, o Renault Kwid 1.0 Zen. Segundo o consultor, em um cenário de oferta e demanda regularizadas, com juros mais baixos e crédito normalizado, a tendência é o consumidor voltar a se interessar pelo carro compacto de entrada, com a consequente redução de participa- ção dos SUVs. A discussão a respeito da volta do carro popular é outro fator que pode alterar o mercado atual. Caso os es- tudos avancem os modelos mais baratos tendem a ganhar mercado. OPÇÃO PREFERENCIAL PELOS CAROS Em virtude do encarecimento de mo- delos até então tidos como a porta de entrada natural nomundo dos carros zero- -quilômetro os compradores passaram a considerar o SUV, que na definição de Gómez tem porta-malas maior, é mais confortável, mais seguro e oferece melhor posição de dirigir. O executivo estima que, em condi- ções normalizadas de peças e mercado, os SUVs devem manter participação de cerca de 25% das vendas no Brasil, contra 12% a 13% dos sedãs: “Sabíamos que este movimento aconteceria, por isto lançamos o Kicks [a versão renovada]”. Apesar do otimismo com o segmen- to ele não prevê a ampliação da oferta de modelos da Nissan no segmento por enquanto, apesar dos rumores de que o Magnite – SUV subcompacto vendido na Índia – seria lançado no Brasil este ano: “Ele seria um hatchback um pouco mais alto. Em termos de custo não seria tão atra- tivo”, afirma, dizendo não vermuito “sentido econômico para a pessoas”. Mesmo assim Gómez ressalta que, se o mercado che- gar a 3 milhões de unidades/ano “a coisa muda”. A previsão da Jato para este ano é de venda de 2,1 milhões de veículos. Por outro lado a Nissan acaba de lançar o novo Sentra, sedã médio que de acordo com Gómez tem tido boa receptividade: “Em um fim de semana vendemos prati - camente cem carros, sem muita propa- ganda”. Além disso ele acrescenta que alguns foram vendidos para ex-donos de Kicks, demonstrando que, da mesma for- ma como há uma forte migração para os SUVs, o caminho contrário também pode ocorrer, ainda que em menor proporção. Segundo Kalume Neto, da Jato, os se- dãs médios são o segundo segmentomais rentável da indústria, depois dos SUVs. No caso da Toyota o SUVCorolla Cross também superou em vendas o modelo que lhe dá origem, o sedã médio Corolla. No primeiro trimestre, enquanto o utilitário esportivo teve 10,4 mil unidades empla- cadas, o sedã registrou 8,9 mil vendas, mesmo sendomais barato. O Corolla parte de R$ 146 mil 890e o SUV começa em R$ 159 mil 890. E a Toyota informa que 70% das ven- das do modelo se concentram na versão intermediária, XRE, que custa R$ 174 mil 390. Isso mostra que a Toyota tomou a decisão acertada quando decidiu tirar de

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