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46 Abril 2023 | AutoData MERCADO » VEÍCULOS COMERCIAIS desenharam estratégias para atravessar esse momento da melhor maneira pos- sível. Ainda estamos otimistas no fim do dia, mas com precaução quadruplicada. E é fato que precisamos de uma forcinha das autoridades com relação a essa crise de crédito e aos juros nas alturas”. Christopher Podgorski, presidente da Scania Latin America, afirma preferir os juros altos a uma inflação desenfreada e garante que, apesar dos percalços da economia, o que mais interessa neste mo- mento é saber que existe demanda para o que produzem: “Temos de transportar, a partir do fim do mês, 309 milhões de toneladas de grãos. E sabemos que a frota circulante é envelhecida. Mas é fato que o contexto pode não facilitar”. Mesmo destacando as vantagens da fá- brica da Scania emSão Bernardo, que tem em linha produtos globais para exportação e assim ocupa melhor sua capacidade, Podgorski afirma que esta compensação “temum limite”. Segundo ele a situação da produção local seriamuito pior se não fosse o acordo bilateral com o México. Para Roberto Cortes, da VWCO, faltam palavras para adjetivar o ano de 2023: “O momento é complicado. O ano começou com o novo governo, seguido de instabili- dade política após os atos de 8 de janeiro, instabilidade no mercado estadunidense coma crise dos bancos, e, principalmente, com a taxa de juros [Selic] em 13,75% ao ano que, somada à escassez de crédito. É uma combinação política terrível para o nosso negócio”. MEDIDAS PARA ATENUAR A CRISE Apesar do contexto Cortes também se diz otimista e elencou três medidas necessárias por parte do governo para ajudar a revigorar o setor: tirar do papel o programa de renovação da frota, ajustar o Finame, linha do BNDES para compra de caminhões, para promover investimento, e criação de crédito para fomentar novas tecnologias que têm alto custo aos fabri - cantes. “Sem isso está difícil.” De 2018 para cá o uso do Finame para a aquisição de caminhões se inverteu. Quatro anos atrás em torno de 75% das vendas eram consolidadas por meio do financiamento do BNDES, e em 2022 esse porcentual desceu para 25%. Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas emarketing daMercedes-Benz do Brasil, pondera que o cenário leva muitos clientes a aguardar para tomar a decisão de compra e, enquanto isso, as empresas fabricantes precisam fazer ajustes de pro- dução para adequá-la à nova realidade: “Os emplacamentos têm indicado volumes mais baixos com relação ao que foi previs- to no início do ano. Mas nós seguiremos avaliando e acompanhando a evolução do mercado bem de perto”. Do lado daAnfavea a entidade continu- ará com seus pleitos junto ao governo fe- deral, como é o caso de sugerir ao BNDES a criação de linha de crédito específica para caminhões com tecnologias mais limpas, em que o Euro 6 se encaixa. Com alguma esperança Bonini diz que no próximo balanço daAnfavea, que inclui- rá dados de abril, os caminhões Euro6/ P8 devem começar a aparecer mais – até porque os estoques de Euro 5 não-empla- cados estão esgotados: “O número tende a melhorar. A questão é o tempo que vai demoorar. É preciso que a velocidade não comprometa a produção dos meses se- guintes, de maio e junho. Para isto é fun- damental ter alternativas a fim de mitigar o custo dos financiamentos”. Divulgação/Mercedes-Benz

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