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35 AutoData | Abril 2023 No processo acelerado de eletrifica - ção planejado pela quase totalidade dos grandes fabricantes globais de veículos, a maioria deles também instalada aqui, todos têm alguma data até o fim desta década para deixar de produzir motores a combustão, ou reduzir drasticamen- te a oferta, colocando no lugar veículos elétricos caros e inviáveis para boa parte dos mercados do planeta. É esta oportunidade que o Brasil não pode deixar passar, segundo vêm defen- dendo enfaticamente junto ao governo brasileiro as duas principais entidades representativas do setor automotivo: An- favea e Sindipeças. Presidente do Sindipeças, que reúne quase quinhentos associados fabrican- tes de autopeças, Cláudio Sahad aponta que “em virtude da legislação que veda a produção de veículos commotor a com- bustão na Europa e nos Estados Unidos a partir de 2030/2035, bem como o plano da China em focar na produção de elé- tricos, surge enorme oportunidade para que o Brasil se torne um polo produtor e exportador de motores e veículos a combustão”. Sahad já fez as contas e teve oportuni- dade de mostrar a inegrantes do governo o tamanho desta oportunidade: “A frota mundial de veículos é de 1,5 bilhão e são produzidos algo como 80 milhões por ano. Sendo otimista vamos levar mais de quarenta anos para substituir a atual frota a combustão pela elétrica. Portanto, neste meio-tempo, devemos aproveitar a nossa tecnologia e a capacidade instalada no Brasil para a produção de motores e veículos a combustão”. Ainda nas contas de Sahad existe po- tencial para multiplicar por três ou quatro vezes a produção da indústria automotiva caso o Brasil consiga se tornar um polo de exportação de motores e veículos a combustão, o que estimula geração de empregos, aumenta a arrecadação de impostos e eleva a competitividade in- ternacional do País, em um círculo virtu- oso: “Precisamos valorizar as vantagens competitivas que temos e aproveitar os Divulgação/Nissan investimentos já feitos na indústria que nos permitem fabricar 4,5 milhões de veículos/ano”. Com este ganho de escala e de fa- turamento Sahad avalia que a indústria poderá destravar investimentos para se especializar no desenvolvimento de novas tecnologias, assim tornando-se também um fornecedor global de com- ponentes para veículos híbridos ou, em ummomento futuro, elétricos com célula de combustível a hidrogênio. POLÍTICA DE ESTADO Sahad propõe que o legado do motor a combustão no Brasil deva ser tratado como política de Estado para reindustria- lizar o setor, que responde por parte rele- vante do PIB industrial do País. Segundo o presidente do Sindipeças é exatamente isto que vem sendo exposto nos encon- tros mantidos com o governo: “Depen- demos de vontade política do Executivo e do Legislativo para realizar mudanças e eliminar entraves”. “Estivemos, no início de março, com o vice-presidente da República, e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin. Destaca- mos a oportunidade que se abre para o Brasil se tornar um polo de produção de Divulgação/Sindipeças

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