398-2023-04

27 AutoData | Abril 2023 biodiesel, sugerindo que mais ensaios técnicos deveriam ser feitos antes de se aprovar o uso do B15. O MME, contudo, considerou os problemas pontuais, pro- vavelmente causados pelo combustível experimental, e manteve a agenda de evolução da mistura. MAIS TESTES E PADRÕES Rogério Gonçalves, especialista em combustíveis da diretoria da AEA, Associa- ção Brasileira de Engenharia Automotiva, observa que os testes foram realizados com motores Euro 5. Desde o começo deste ano todos os veículos pesados no- vos a diesel adotam motorização Euro 6 para atender ao Proconve P8, o programa brasileiro de controle de emissões. Em 2019 a Umicore, fabricante de cata- lisadores, patrocinou testes em ummotor Euro 6 homologado para rodar com B10, mas abastecido comB15. O resultadomos- trou deterioração precoce do sistema SCR, de pós-tratamento de gases, indicando que adaptações custosas deveriam ser feitas para garantir o funcionamento adequa- do do dispositivo para garantir o controle de emissões com uso do diesel brasileiro, misturado com mais de 15% de biodiesel. “Os sistemas dos motores Euro 6 são muito mais sensíveis e precisam garantir o funcionamento por 700 mil quilômetros. Nenhum teste deste tamanho foi feito com B15”, pondera Gonçalves. “Ainda bem que aprovaram só o B12 e não fomos direto para o B15, como estava previsto. Com isto teremos menos problemas e ganhamos tempo para fazer mais testes e ajustar o que for necessário.” Mais: “Todos somos a favor da transição energética para combustíveis renováveis e eletrificação, mas isto precisa ser feito de forma sustentável, precisa funcionar. Não tem ninguém contra o biodiesel mas sim contra as incertezas que o aumento da mistura traz. É necessário fazer mais testes e adaptações nos motores”. O MME já acena com a realização de uma nova bateria de testes com veículos Euro 6. Ao mesmo tempo a ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio- combustíveis, preparou uma nova espe- cificação para o biodiesel, para garantir a produção de um combustível mais puro e resistente à oxidação, sem a presença demetais e glicerídeos, impondo padrões mais severos de filtragem e limpeza dos tanques das usinas. “O setor está andando na frente das re- gulamentações”, garanteMinelli. “Já produ- zimos biodiesel com especificações mais estritas do que na Europa ou na América do Norte, e nos Estados Unidos veículos já usamB20 emalguns estados comgarantia dos fabricantes, então acho estranha essa preocupação coma nossa qualidade aqui.” Divulgação

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=