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21 AutoData | Abril 2023 Para Troster o governo está correto na sua identificação de que precisa for - talecer o setor industrial, mas ainda há muita lição de casa a ser feita: “Só a boa intenção não resolverá”. CARRO POPULAR Um tema que ganhou destaque nas mesas de reunião da indústria após de - bates no Seminário Megatendências foi a volta do carro popular, considerada fun - damental para que a indústria brasileira de veículos retome os volumes de dez anos atrás. O presidente da Fenabrave, José Mau - rício Andreta Júnior, acredita que voltar a produzir veículos de entrada, com preço médio menor, trará de volta mais clientes para o negócio: “Eu respeito a decisão das montadoras de trabalharem comveículos de segmentos mais altos buscando elevar a rentabilidade, mas devemos voltar a olhar para os carros de entrada. Isto não alterará o volume que a indústria já tem hoje. Estamos trabalhando em um projeto, que ainda não está definido, mas que será apresentado ao novo governo federal e que segue nesta linha”. Andreta acredita que este seja um dos caminhos para reduzir a capacida - de ociosa das fábricas e puxar todos os elos da cadeia automotiva, considerada muito importante para a retomada do crescimento do País: “Para ganhar escala isso será necessário [a volta dos veícu - los de entrada] e só esta escala manterá viva a rede de concessionárias, porque com o volume atual a conta não fecha. As revendas precisam de maior volume de veículos para se manter, assim como fornecedores e seguradoras”. Antonio Filosa, presidente da Stellan - tis na América do Sul, concordou que incrementar os volumes seria interes - sante não só para as montadoras como também para os fornecedores. Mas esta atitude requer um projeto de médio a longo prazo, que chama de “sistema de soluções articuladas”, ou uma espécie de nova câmara setorial automotiva. Para isto ele observa que é preciso que a Anfavea, com seu papel de eficiência, governo, com carga fiscal e solução de acesso ao crédito, Sindipeças e Fenabrave se reúnam encarando um projeto social, no desenvolvimento de empregos, da indús - tria e de competências locais. “A demanda por mobilidade no Brasil não mudará, por questões demográfi - cas. Hoje ela é distribuída em transporte público, carros novos e usados, motos e serviços de mobilidade, como Uber. Se conseguirmos emplacar um projeto de carro popular ou de baixo custo pode

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