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34 Março 2023 | AutoData MERCADO » FINANCIAMENTOS A aposta é que surjam campanhas patrocinadas pelas fabricantes, inclusive com taxas subsidiadas para poder esti - mular as vendas. “Se depender somente dos ricos e do pagamento à vista as montadoras não conseguirão vender 2,1 milhões de veí- culos [conforme projetaram fabricantes e concessionários]. O custo de carregar estoque é muito alto e, por isto, é provável que sejam feitas promoções pontuais”, observa Noman. Segundo ele não há fal- ta de liquidez no mercado e os bancos estão capitalizados. “O problema é a con- dição do consumidor: ele perdeu score de crédito, a inadimplência aumentou nos últimos meses.” Pesam sobre o atual cenário de crédito retraído os juros altos e prazos mais cur- tos de pagamento, reflexo da política de aperto monetário para conter a inflação adotada pelo Banco Central, que mantém a taxa básica Selic arrochada em 13,75% ao ano, o que autoriza as instituições fi - nanceiras a cobrar, em média, mais que o dobro disto, quase 30% ao ano, para financiar um automóvel. O financiamento caro demais vai na di - reção oposta à da queda da renda e da confiança do consumidor, que não pode ou não se sente seguro para assumir compro- missos de compra de umbemde altovalor. Paulo Noman reforça que a taxa de juros muito alta, e por muito tempo, tem impacto no financiamento: “O consumidor final olha a parcela que está pagando, que tem um componente alto de juros. E tem mais: o brasileiro não gosta de ficar devendo e assume a dívida quando sabe que po- derá pagar. A confiança do consumidor é essencial na decisão de optar pelo crédito”. SATURAÇÃO E INADIMPLÊNCIA Existe certa saturação no mercado de crédito. O empobrecimento da população causado pela combinação de anos de crise econômica, inflação alta e desemprego resultou emendividamento recorde: ao fim de 2022 quase 80% das famílias brasileiras tinham dívidas a quitar, portanto não têm espaço para contrair crediários e mal con- seguempagar os empréstimos contraídos. Segundo acompanhamento mensal do Banco Central, em janeiro, os atrasos de mais de noventa dias nos pagamentos alcançou o pico de quase 5,5%dos financia - mentos de veículos. É omais alto índice de inadimplência já apurado na série histórica do BC, um salto de 1,5 ponto porcentual em doze meses. Essa arrancada reduz a tolerância ao risco dos bancos e encarece ainda mais os juros para compra de auto- móveis, que alcançou média de 29% ao ano, a maior taxa já apurada do CDC. Divulgação

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