397-2023-03

28 Março 2023 | AutoData PRODUÇÃO » VEÍCULOS DE CARGA Esta realidade exigirá grandes esfor- ços das montadoras. Segundo estudo da consultoria Bain & Company, em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global e com a Scania LatinAmerica, para zerar as emis- sões da frota circulante de caminhões e ônibus no Brasil até 2050 será necessário que os fabricantes se apoiem em quatro principais alternativas, que podem ser adotadas simultaneamente. A primeira é o diesel renovável HVO, óleo vegetal hidrogenado extraído de vá - rias fontes, que funciona igual ao diesel mineral em qualquer motor a combustão disponível no Brasil, sem necessidade de alterações no projeto. A segunda opção é o gás biometano, derivado de resíduos orgânicos, ideal para a motorização de ca- minhões pesados que percorremmédias distâncias. A terceira rota são os motores elétricos alimentados por baterias que equiparão caminhões leves, que rodam em centros urbanos e percorrem curtas distâncias. Em um futuro mais distante o Brasil também contará com caminhões elétricos movidos a hidrogênio. Fernando Martins, sócio especialista da Bain & Company, diz que ainda vai demorará algumas décadas para esta tecnologia chegar aqui: “Até lá precisamos de uma solução que garanta essa transição, sobretudo para veículos que percorrem longas distâncias, e para continuar abastecendo a frota antiga”. DESAFIO TECNOLÓGICO Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz, alerta para o fato de que a indústria de ca- minhões será desafiada em futuro próximo para dispor de recursos suficientes para investir em diferentes fontes de propulsão e o resultado disso será a necessidade de ter mais dinheiro. Ao mesmo tempo em que precisa continuar a fazer ca- minhões commo- tores a diesel mais limpos, como os recém-lançados Euro 6 que atendem ao Proconve P8 e as próximas etapas da legislação que estão por vir, a indústria também fará, em uma mesma fábrica, os veículos elétricos, os equipados com motores ciclo otto a gás e, mais à frente, os que são alimentados por células de hidrogênio. “Daqui por diante haverá impactos nas linhas de produção porque as montadoras terão de conviver comumamesma fábrica produzindo o motor a combustão”, diz Le- oncini. “E, ao mesmo tempo, lidando com alta tensão de um veículo elétrico, mani- pulando bateria e fazendo umamontagem totalmente diferente de um caminhão a diesel. E isto em um mesmo ambiente.” Neste sentido o executivo acredita que o grande desafio do futuro mais plu - ral para a indústria será a contratação e a capacitação de profissionais para o desenvolvimento e a produção de veícu- los mais complexos, além de capacitar a rede de distribuição que também passará por muitas mudanças: “Mas vale dizer que temos esse conhecimento dentro de casa, tudo isso já era previsto, inclusive tudo que teremos que enfrentar daqui para frente”. Orlando Merluzzi, consultor e proprie- tário da consultoria Tendências e Gestão, também avalia que as novas fontes ener- géticas exigirão muitos investimentos do setor de transporte rodoviário de cargas. Ele aposta na divisão do mesmo espaço por caminhões elétricos, a gás e os mo- vidos a diesel, que ainda deverão existir por muitos anos no Brasil. “Dificilmente os veículos a célula de hidrogênio serão viáveis porque são produ- tos caros e não justificam o investimento: o preço ainda é quatro ou cinco ve- zes superior a um movido a diesel e custa o dobro do elétrico.” Merluzzi chama a aten- ção para o fato de que a adoção de cada nova tec- nologia será determinada Divulgação/DAF

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=