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15 AutoData | Março 2023 Um ponto é rever a tributação de ICMS que em grande número de estados no Brasil não diferencia gasolina e etanol, trata de forma igual dois combustíveis muito diferentes para o meio ambiente. Também trabalhamos no incremento de produtividade com iniciativas como as do CTC, Centro de Tecnologia Ca- navieira, em Piracicaba, que já entrega ao mercado variedades de cana com concentração de açúcar até 40% maior, o que aumenta a produção de etanol dentro de uma mesma área plantada. Outra grande fonte é o crescimento do etanol de milho no País, que já responde por 15% da produção e é produzido aqui com intensidade de carbono semelhan- te ao da cana. Hoje são produzidos no País cerca de 30 bilhões de litros de etanol por ano. Se todos os veículos leves usassem só biocombustível puro as usinas teriam capacidade de atender toda a demanda? Gosto de responder a esta pergunta olhando para o passado. Até 1993 o setor era totalmente regulado, existiam cotas de produção para etanol e açúcar, o que ficava no mercado doméstico e o que ia “ Garantir competitividade aos biocombustíveis é lei, está na Constituição, que garante diferencial competitivo ao biocombustível em relação ao equivalente fóssil.” ser exportado. Assim que isto acabou o setor cresceu 100%. Outro exemplo é o veículo flex, do qual estamos celebrando vinte anos de lançamento: de novo o setor dobrou a produção de etanol para atender àquela demanda. Então posso dizer que a capacidade de resposta do setor é impressionante quando existem bons elementos de mercado alinhados à regulação que garante previsibilidade e segurança jurídica para sustentar os investimentos. A maior parte do etanol é distribuída no País por caminhões a diesel. É um modal caro e que emite CO2 fóssil não reabsorvível. Comomelhorar a eficiência de logística do etanol no País? Aumentar o transporte por meio de du- tos e navegação de cabotagem, como já estamos fazendo, eleva a eficiência econômica e também a eficiência ener - gética da cadeia de produção. Outra vertente é que o Brasil começa a ser um player relevante na produção de biome- tano, que será um substituto importante para o diesel [no transporte]. O biogás é produzido no setor [sucroalcooleiro] a partir de resíduos como vinhaça, torta de filtros e a palha da cana. São resíduos que já usamos como fertilizantes mas que também podem passar por um bio- digestor e gerar biogás antes de voltar para a lavoura como um biofertilizante ainda melhor do que em estado natural. Como tem sido a interação do setor de biocombustíveis com a indústria automotiva? Temos experiências muito boas e três são bem públicas, com Toyota, Volkswagen e Stellantis, que redobram

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