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43 AutoData | Fevereiro 2023 que já ocorre com diversas montadoras no País. A Toyota, primeira a desenvolver e produzir modelos híbridos flex, o sedã Corolla lançado em 2019 e o SUV Corolla Cross em 2021, desenvolveu seu sistema com a Denso. Montanari avalia que a combinação com eletrificação é o futuro da tecnolo - gia flex, “mas não haverá uma tecnologia dominante no Brasil: teremos aqui vários níveis de hibridização, todas as opções estarão disponíveis nos próximos anos”. O engenheiro também observa que, em paralelo à eletrificação, “continuamos a trabalhar no aumento da eficiência do motor bicombustível, que a partir de 2025 com o PL8 [nova etapa do programa bra- sileiro de controle de emissões para ve- ículos leves] devem reduzir bastante o consumo e as emissões”. INTERNACIONALIZAÇÃO Embora boa parte do mundo desen- volvido tenha torcido o nariz para o uso de biocombustíveis para descarbonizar as emissões veiculares, preferindo apostar na transição direta para os carros elétricos a bateria, o etanol começa a ganhar re- levância em mercados emergentes que não podem pagar tão caro por veículos a bateria, especialmente nos países localiza- dos em latitudes ideais para o plantio de cana-de-açúcar, como é o caso de Índia e Tailândia – os tailandeses já usamo E80, etanol com 20% de gasolina. “Índia quer construir um míni Brasil a partir do etanol”: com este título um jornal indiano expressou, no fimdo ano passado, o crescente interesse do país em adotar o biocombustível para reduzir suas emissões de CO2. Em janeiro, durante o Auto Expo Motor Show 2023, em Greater Noida, pela primeira vez o principal salão indiano de automóveis teve umpavilhão dedicado ao etanol, com 3 mil m2, que contou com a participação de uma missão brasileira em um estande de 250 m2 organizado pela Unica, Apla [Arranjo Produtivo Local do Álcool], ApexBrasil [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] e Ministério das Relações Exteriores. Em visita ao espaço brasileiro o mi- nistro de Petróleo e Gás Natural da Índia, Hardeep Singh Puri, confirmou a aposta do país no biocombustível: “A hora do etanol chegou e estamos celebrando as suas vantagens e contribuições positivas para o meio ambiente e o desenvolvi- mento econômico”. Em fevereiro a Índia deu início ao pro - cesso que, até 2025, irá elevar dos atu - ais 12% para 20% a mistura de etanol na gasolina no país, que hoje importa 85% do petróleo consumido – é o segundo maior importador mundial de óleo. Tam- bém começam a circular este ano nas ruas indianas os primeiro carros flex, que funcionam com qualquer proporção de gasolina e etanol. Também em fevereiro foi lançado ofi - cialmente o Centro Virtual de Excelência em Bioenergia, iniciativa da Unica em parceria com a SIAM, Associação dos Fabricantes dos Automóveis Indianos. O maior interesse na internacionalização do biocombustível não está diretamen- te ligado em aumentar exportações de etanol ou de carros flex, mas vender a tecnologia e assim construir ummercado internacional comvantagens econômicas e ambientais para os países envolvidos. Omaior uso de etanol no mundo pode reduzir preços e assim estimular o au- mento de consumo inclusive no Brasil, onde a maior parte dos veículos flex ainda roda só com gasolina, porque o combus - tível fóssil tem rendimento 30% superior e assim seu valor é mais compensador do que o biocombustível na maior parte do País – uma distorção que ficou ainda mais evidenciada após a redução de im- postos sobre a gasolina, em vigor desde o ano passado. Ainda assim, como na época da inven- ção do veículo bicombustível no Brasil há vinte anos, a tecnologia tem combinação de eficiência e preço suficiente para ser uma solução de descarbonização barata, sobreviver à eletrificação e se juntar a ela. Como afirma Gino Montanari, da Marelli, “o flex fuel tem passado e futuro igualmente importantes”. Divulgação/BR Distribuidora

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