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41 AutoData | Fevereiro 2023 Minas e Energia, apontamque o consumo de álcool carburante, seja o E100 hidratado ou os 27% de etanol anidro misturados à gasolina vendida no Brasil, devem evitar emissões de 53,8 milhões de toneladas de CO2 somente em 2023, e este volume em 2032 poderá subir para 62 milhões ou até 67,8milhões de toneladas de emissões evitadas, a depender da evolução da utili- zação do biocombustível. A mesma EPE projeta que em 2023 a consumo de etanol no Brasil deverá atingir 31,2 bilhões de litros, somando o E100 hidra- tado e os 27% de etanol anidro misturados à gasolina vendida no País, volume que já supera os 27,7 bilhões de gasolina A, pura, a serem consumidos este ano. Graças ao impulso esperado nas vendas de veículos flex e estímulos ao uso do biocombustível a EPE estima que nos próximos dez anos a demanda por etanol nomercado brasileiro deve aumentar expressivamente: até 2032, será de nomínimo 37,2 bilhões e nomáximo 49,4 bilhões de litros. INOVAÇÃO DA ENGENHARIA A tecnologia flex fuel não era nova quan - do chegou ao Brasil: começou a ser desen- volvida nos Estados Unidos há quarenta anos, no início dos anos 1980. Mas o sistema era caro e pouco eficiente, envolvia umsen - sor instalado na linha do tanque ao motor. O pulo-do-gato da engenharia brasileira foi aproveitar o aparato de gerenciamento de motor já existente nos veículos, introduzido com a injeção eletrônica, a partir dos anos 1990, para criar o veículo flex semprecisar de componentes novos. Para identificar o combustível usado, gasolina ou etanol, os engenheiros passa- ram a usar as informações captadas pelo sensor de oxigênio, ou sonda lambda, que monitora a mistura dos gases de escape, pós-queima. Depois reprogramarama cen - tral eletrônica para calibrar o funcionamen- to do motor de acordo com o carburante identificado. “A falta de álcool nos postos [no fim dos anos 1980], com taxistas queimando carros na frente do Congresso, provocou a repulsa da população ao combustível”, lembra Besaliel Botelho, que trabalhou por 37 anos na Bosch, o primeiro fornecedor a desenvolver o sistema flex. Oengenheiro foi presidente da empresa na América Latina por quinze anos, até se aposentar, no fim de 2021, e trabalhou diretamente no projeto do motor bicombustível. “Começamos a testar aqui o sistema flex em 1992, em um Chevrolet Omegamodificado. Era a solução que acabaria com qualquer desconfiança de desabastecimento.”

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