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36 Fevereiro 2023 | AutoData MERCADO » TRAJETÓRIA ção da retomada do bem financiado de inadimplentes sem necessidade de au- torização judicial, que ajudariam a reduzir o custo dos financiamentos e o risco de inadimplência. “Nunca vi antes ummercado commais 70% das vendas à vista como aconteceu em 2022. Até 2019 esse porcentual era o oposto: 70% das compras de veículos eram financiadas. Por isto o aumento do acesso ao crédito e a redução do custo de financiamento é uma das nossas priori - dades com o novo governo. Sem isto não voltaremos a crescer.” José Maurício Andreta Jr., da Fena- brave, vai na mesma linha: “Para voltar a crescer acima dos 3 milhões/ano é ne- cessário produzir mais, para ganhar escala e reduzir os preços. Também é necessário aumentar a liberação de crédito, o que já poderia ter sido feito com a regulamen- tação da desjudicialização da retomada do veículo dos inadimplentes”. Bom exemplo de como o crédito pode permitir, ou não, o crescimento está na- quela cliente com renda de cinco salários mínimos – que já é uma pequena parcela inferior a 10% da população. Em 2010 este consumidor dava 20% de entrada e con- tratava um financiamento de 36 meses para comprar um Fiat Uno pagando R$ 638/mês, comprometendo 25% de sua renda mensal. Hoje este cliente sequer encontra este tipo de plano no mercado, mas se encontrasse pagaria 36 parce- las de R$ 2,1 mil por um Renault Kwid, equivalente a 35% de sua renda, o que é vetado pelos bancos. Ainda que o crédito se torne mais am- plo e barato este fator, sozinho, não será suficiente para levar o mercado brasileiro nem perto do recorde de 2012, conforme estima o consultor Barros, da S&P: “A re- dução da taxa de juro traria um aumen- to discreto das vendas, não mais de 250 mil carros por ano: só injeção de crédito sem aumento da renda não traz grande resultado”. Cássio Pagliarini, da Bright, avalia que para voltar a atingir volumes acima dos 3 milhões/ano os preços e a renda terão de convergir, ao menos na faixa de baixo do mercado. Ele sugere: “Governo e indústria devem dar prioridade para definir uma nova política para veículos de entrada, talvez com menos exigências de equi- pamentos e restrição de circulação em alguns locais”. Para Márcio de Lima Leite, da Anfavea, o mercado brasileiro tem condições de avançar para muito além do nível atual: “As exigências regulatórias aumentaram os preços dos carros e isso naturalmen- te faz as vendas caírem, mas há espaço para crescer mais. Seguramente o nível do mercado brasileiro não é este na faixa de 2 milhões: é acima de 3 milhões”. Chevrolet Tracker Chevrolet Celta Divulgação/GM Divulgação/GM

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