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35 AutoData | Fevereiro 2023 de componentes os fabricantes toma- ram duas medidas que catapultaram os preços às alturas: primeiro trataram de recompor suas margens de lucro, pois a produção caiu e havia muitos clientes na fila dispostos a pagar os aumentos, ven - derammenos por muito mais; e também direcionaram os chips que conseguiam para os carros mais caros e rentáveis, principalmente SUVs. Com isto os mo- delos mais baratos começaram a sumir das lojas, enquanto veículos custando acima de R$ 130 mil subiram no ranking de vendas. Kalume Neto, da Jato, projeta que este ano os preços devemcontinuar altos como estão, com possíveis promoções dos fa- bricantes em resposta à falta de clientes que começa a ser percebida no varejo das concessionárias, que emdezembro foram responsáveis por menos da metade dos negócios – 55% dos carros foram escoa- dos por vendas diretas, principalmente a locadoras e empresas de assinatura que pertencem às próprias montadoras. Olhando mais adiante as perspecti- vas são de que os preços de veículos no País continuarão a subir, pois existem no horizonte novas etapas das legislações de emissões, eficiência e segurança que, obrigatoriamente, adicionarão custos. Para os especialistas ouvidos nem mesmo o aumento da escala de produção será ca- paz de diluir esses custos. Pagliarini opina: “São muitos novos e caros sistemas, a escala pode compensar um pouco, mas não tudo, a maior parte vai parar nos preços”. Roberto Barros, da S&P, concorda: “Não há muita escolha. Para continuar cum- prindo com as metas de emissões do Proconve e de eficiência e segurança do Rota 2030 os fabricantes terão de agregar novos sistemas que custam de US$ 500 a US$ 10 mil. Exemplo disso é a eletrifica - ção com a adoção de sistemas híbridos que até 2030 devem estar incorporados em 60% dos carros vendidos, até mesmo nos mais baratos como Onix e HB20. Isto tornará os produtos mais caros”. PARA VOLTAR A CRESCER Diante do quadro de aumentos contí- nuos de preços a única possibilidade de o mercado nacional voltar a crescer será pela via da expansão da economia e da renda da população, com ajuda de crédito mais acessível e barato. Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, reconhece que não é possível recuar nas regulamentações, mas diz que “os aumentos poderiam ser compensados com mais acesso ao crédito e redução de juros, a reforma tributária pode ajudar a reduzir o custo dos financiamentos”. Ele cita ainda medidas complementares, como redução do IOF e a regulamenta- Fiat Mobi Renault Kwid Divulgação/VW Divulgação/FCA

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