396-2023-02

29 AutoData | Fevereiro 2023 pre permearam os projetos de reforma tributária, que voltam à baila como o novo governo federal empossado no início de 2023, que promete tocar a reforma ainda neste primeiro semestre. Mas enquanto isto não acontece o se- tor volta à carga para que o Ministério da Fazenda retome a aplicação do Reintegra, programa que devolve porcentual sobre valores exportados, a título de restituição de impostos embutidos na cadeia de pro- dução. Atualmente o crédito do Reintegra está fixado em simbólicos 0,1%, já foi de 5% em anos recentes e o setor pede 10% até que um novo regimento fiscal no País desonere as exportações. Se não for adotada uma política de promoção das exportações de veículos os prognósticos são pouco animadores. Para 2023 a Anfavea já projeta queda de 3% nas vendas externas das associadas, para 467 mil unidades embarcadas. “Quando as nossas matrizes planejam investimentos elas não olham só para o mercado interno do país, mas para o po- tencial da região. Nós competimos com outros países, como o México, e quem oferece mais condições de exportação acaba vencendo”, observa o dirigente. “Nos próximos anos o viés é de alta nas exportações porque podemos aumentar as vendas para mercados que continu- arão a consumir veículos com motor a combustão [enquanto as matrizes focam na produção de elétricos], mas é preciso aproveitar o momento e aumentar nossa competitividade para não perder a opor- tunidade.” Ainda que surjam estas novas oportu- nidades de exportação também não se pode perder o cuidado com a vizinhança, conforme sublinha Lima Leite: “O merca- do argentino é crescente, as montado- ras estão investindo ali. Se normalizar o fluxo cambial as vendas para lá voltam a crescer. Para aumentar as exportações o Brasil precisa priorizar as negociações com a Argentina, isto é fundamental para nós. Claro que é bom crescer em novos mercados, mas é ruim perder terreno em nosso maior cliente externo”. “Outro fator que poderia favorecer as exportações do Brasil é a harmonização de regulamentações nos países da região. Não se pode fazer um produto para a Ar- gentina e outro para o Brasil por causa de legislações diferentes porque isto aumenta os custos de forma desnecessária.” Para além de promover orgulho na- cional uma política de incentivo às ex- portações também tem o pragmático poder de favorecer o mercado interno e o consumidor brasileiro, pois o aumento de escala de produção pode reduzir os preços – ou ao menos fazer com que eles parem de subir – e obriga a indústria a se manter mais competitiva em padrões internacionais, com produtos de maior qualidade e tecnologicamente mais ali- nhados com tendências globais. Isto já aconteceu há vinte anos e pode acon- tecer de novo. senivpetro/Freepik

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=