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28 Fevereiro 2023 | AutoData INDÚSTRIA » COMÉRCIO EXTERIOR Contudo a volta da expansão do con- sumo doméstico, de 2006 em diante, ar- refeceu o comércio exterior. Bom exemplo da flutuação do interes - se da indústria por exportações é 2012, ano de recorde histórico do mercado bra- sileiro de veículos, com 3,8 milhões de emplacamentos – 3 milhões nacionais e 800 mil importados –, em que as fábricas exportaram apenas 13% da produção de 3,4 milhões, ou 443 mil unidades mon- tadas, apenas o décimo-terceiro melhor resultado de vendas externas da história, abaixo de 2022. Diversos fatores jogam contra as exportações brasileiras de veículos e o mercado interno, quando aquecido, é talvez o principal, pois ocupa as fábricas e joga para o esquecimento a resolução de problemas complicados para exportar mais. Por motivos óbvios também não é estratégico para empresas multinacio- nais – a totalidade das fabricantes no País – competir com suas matrizes em seus mercados mais lucrativos. Sobra para o Brasil somente os merca- dos latino-americanos menos rentáveis e cheios de problemas, como é sempre o caso da Argentina, maior cliente da indús- tria automotiva nacional, que já chegou a comprar mais de 50% dos veículos ex- portados daqui, porcentual que caiu para 38% em 2021 e recuou para 29% em 2022. Menosmau que houve crescimento em outros países da região, onde estão os seis principais destinos externos de veículos brasileiros: além da Argentina estão na lista, pela ordem, México, Colômbia, Chile, Uruguai e Peru, que no ano passado con- sumiram 87% das exportações de carros, caminhões e ônibus made in Brazil. Com esta limitação geográfica os mo - delos produzidos no Brasil são pouco exportáveis, pois são focados no mer- cado regional composto em sua maioria por consumidores de baixa renda – ainda que atualmente carros sejam feitos com preços acessíveis apenas para a elite latino-americana. Mas estes são os fatores menos co- mentados a atrapalhar as exportações. Os mais citados – e não menos verdadeiros – são os custos mais altos para se produzir no Brasil, com muitos componentes im- portados, baixa produtividade, insumos caros e impostos embutidos na cadeia de produção. DE VOLTA AO FOCO Como há três anos consecutivos o mercado brasileiro não consegue supe- rar demanda de 2 milhões de unidades a facilitação do comércio exterior voltou a ser tema importante para a Anfavea. O presidente Lima Leite destacou que exportações e mais acordos comerciais são duas das doze prioridades listadas pela entidade para negociações com o governo este ano. Um dos focos é desembutir impostos das exportações, o que poderá ser feito nas intermináveis discussões que sem- Yurdakul/iStock

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