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16 FROM THE TOP » MARCUS VINÍCIUS AGUIAR, AEA Fevereiro 2023 | AutoData Olhando para este horizonte, de di- versas regulamentações propostas de emissões e segurança, a AEA avalia que elas estão na direção correta de conver - gência com os países desenvolvidos? Sim, o Brasil está convergindo com es- ses países, mas temos peculiaridades, principalmente nos combustíveis, como por exemplo a gasolina, usada pura na Europa, enquanto aqui temos arranjos diferentes, usamos etanol hidratado tanto em 100% como adicionado em 27% em todos os tipos de gasolina, inclusive a premium. Isto é algo que nenhum outro país tem e implica em desenvolver componentes específi - cos, com formulações diferentes para borrachas e plásticos, para atender a normas de durabilidade. Vamos lem- brar que na mudança de fase do Pro- conve [programa brasileiro de contro- le de emissões veiculares] a exigência de durabilidade passou de 80 mil para 160 mil quilômetros. Isto significa que as montadoras e os fornecedores têm de garantir que todos os componentes do carro mantenham as emissões [nos mesmos níveis homologados] por toda esta quilometragem. Por falar em biocombustíveis: existe na próxima fase do Proconve para veículos leves, o L8, que entra em vigor a partir de 2025, uma limitação de emissões de NMOG, gases orgânicos não-metano, que provocam concentração ozônio na atmosfera baixa, que é prejudicial à saúde das pessoas. Sabe-se que a adoção desta limitação poderia tornar inviáveis os motores a etanol, porque eles emitemNMOG. Como esta questão está sendo negociada? Como uma entidade técnica qual suges - tão a AEA daria para a evolução tecno - lógica dos veículos no Brasil semelevar tanto os custos e os preços? Este ponto é complicado. O Brasil está inserido em um contexto global e as regulamentações seguem o que está acontecendo nos grandes mercados. Aqui seguimos ciclos de emissões nos padrões dos Estados Unidos para veícu- los leves. Temos os mesmos requisitos de segurança dos Estados Unidos e da Europa. Existe a discussão de o País aderir a regulamentos europeus e assinar pac- tos de aceitação. Então não tem como ficarmos abaixo do restante domundo. É importante que o País siga as tendências mundiais, mas precisamos de previsibili- dade para termos plenas condições de atender todas as regulamentações e pro- por soluções e alternativas para cada uma delas conforme forem sendo adotadas. “ É importante que o País siga as tendências mundiais, mas precisamos de previsibilidade, assim teremos plenas condições de atender todas as regulamentações e propor soluções e alternativas para cada uma delas. A engenharia brasileira já demonstrou que tem condições de dar respostas para as futuras tecnologias.”

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