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18 Dezembro 2022 | AutoData A ZF seguirá mais adiante com a nacio- nalização de sistemas e componentes no Brasil nos próximos anos? Depois de todos os problemas que tive - mos na pandemia, coma falta de eletrô- nicos, é fundamental continuar a naciona- lizar commuita agressividade. A indústria automotiva brasileira não sobreviverá tralhando em CKD, apenas montando conjuntos semimontados com partes importadas. Nós precisamos fazer mais localização. Alguns anos atrás tínhamos dúvidas a esse respeitomas agora estou certo de que este é o caminho. Neste sentido estamos muito orgulhosos de já ter aqui linhas completas de produção de ECUs [unidades de processamento eletrônico que controlam diversas fun- ções nos veículos]. Tambémproduzimos transmissões automáticas TraXon e as exportaremos. AZF conseguiumanter o nível de expor- tações nestes últimos anos? Tivemos uma perda importante. Expor - távamos transmissões para a Kamaz, na Rússia, era um ótimo negócio, mas com a guerra na Ucrânia tivemos de cancelar. Estamos conquistando novos clientes para a transmissãoTraXon naTurquia e na Espanha. Nosso objetivo é ocupar toda a capacidade que está sobrando aqui com vendas externas. Tambémestamos pros - pectando o fornecimento de componen- tes para veículos leves no México e nos Estados Unidos. Todos esses negócios garantem investimentos aqui. Qual sua visão sobre o futuro da cadeia automotiva no Brasil? Vai crescer? AAmérica do Sul perdeu importância no cenário global, mas omercado sul-ame - ricano tempotencial para 3,5milhões a 4 milhões de veículos/ano, é uma questão de tempo chegar a esta produção. Então a questão não é se a indústria automotiva vai crescer ou não no Brasil: nós temos de crescer porque temos massa crítica para isso, ummercado perto de 400 milhões de habitantes para atender. “ É fundamental continuar a nacionalizar com muita agressividade. A indústria automotiva brasileira não sobreviverá tralhando em CKD, apenas montando conjuntos semimontados. Estou certo de que este é o caminho.” Posso dizer que fizemos muito mais do que tinha de ser feito. Compramos com - ponentes eletrônicos de muitas fontes alternativas, fomos bater na porta do varejo de diferentes partes do mundo. Nossos colegas na Alemanha nos aju - daram nisso. Assumimos certos riscos. Tivemos de verificar a qualidade desses itens e, quando não encontrávamos exa - tamente o que estávamos procurando, fizemos modificações em questão de dias, tudo em acordo com os clientes – esta é uma flexibilidade que em tempos normais demoraria de novemeses a um ano [para aprovar umnovo componente]. Se não fosse isto o problema teria sido muito pior. Nosso pessoal de logística, qualidade e operações se desdobrou. Muitas vezes mandávamos motoqueiros esperar no aeroporto por componentes que o pessoal na fábrica esperava chegar para continuar produzindo. É inacreditável quantas horas perdemos por tudo isso. Mas nosso objetivo sempre foi não parar a produção dos clientes. E conseguiram atingir este objetivo? Ou algum cliente parou a linha por falta de peças da ZF? Muitas vezes simplesmente não tínhamos componentes para produzir e as entregas atrasaram. Claro que os clientes fizeram pressão, mas tinham compreensão do problema, no mundo inteiro faltaram chips, por isso entenderame nos deram todo o suporte para reduzir as perdas. FROM THE TOP » CARLOS DELICH, ZF

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