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12 Dezembro 2022 | AutoData O homem que fatiou o elefante Como foi sua experiência na presidência da Anfavea? Lembro que começamos em abril de 2019 e aprovamos com todos os CEOs das associadas as ações prioritárias, com propostas para reduzir custos e aumentar nossa eficiência. Então a covid começou na China, no fim de 2019, e o maior problema vislumbrado na época seria a falta de peças, que poderia parar fábricas a partir de março ou abril de 2020. Mas a pandemia chegou forte e em 14 de março tudo parou. Tivemos de esquecer dos projetos para tratar da crise. Eu não sabia de todas as consequ - ências, mas percebi que aquele era um enorme problema, omundo sairiamenor daquilo tudo. E assim foi. Para além da tragédia da sanitária, com centenas de mortes todos os dias, veio a crise de em- prego, crise financeira, concessionárias e fábricas fechadas... Depois, quando contornamos o problema sanitário e vol- tamos a produzir, fomos atingidos pela falta de matérias-primas. Minha função foi gerenciar a crise. Tinha reuniões com os CEOs quase todos os dias para eleger as prioridades. A cada momento tinha um problema novo: negociar a abertura de linhas de financiamento, a Medida Provisória 936 [que garantia parte do pagamento dos salários pelo governo durante o período de afastamento do trabalho], a falta de peças, adiamentos de legislações, teve de tudo. O senhor dizia na época que precisava “fatiar o elefante”, em referência aos muitos problemas a resolver. Sobrou ainda muitas fatias desse elefante? Acho que sim. As cadeias logísticas foram desorganizadas e isto não está completamente resolvido, ainda faltam semicondutores e teremos desafios em 2023. Também há o impacto financeiro da pandemia. Muitos governos, inclusive no Brasil, injetaram dinheiro na econo- mia, deramauxílios emergenciais, garan - tirampagamentos de salários... Tudo isso tinha de ser feito, mas provocou inflação Entrevista a Pedro Kutney FROM THE TOP » LUIZ CARLOS MORAES, MERCEDES-BENZ Aos 63 anos o senhor é atualmente di- retor de comunicação e relações insti- tucionais da Mercedes-Benz do Brasil, na qual trabalha há quase 45 anos. Na presidência daAnfavea, de 2019 ao início de 2022, liderou a entidade nomomento mais crítico da pandemia. Como recebeu sua eleição como Executivo do Ano de Montadora pelos leitores de AutoData? Eu não esperava, até porque estava con - correndo com três CEOs de grandes montadoras [Antonio Filosa, Stellantis; Pablo Di Si, Volkswagen; e Rafael Chang, Toyota]. Foi uma surpresa agradável. Mas preciso dizer que neste período intenso tive grande suporte da equipe da Anfa - vea e da Mercedes. Foi graças a todo o apoio que recebi na empresa na qual trabalho que consegui me dedicar à en - tidade e enfrentar tudo que aconteceu. Executivo enfrentou o pior momento da pandemia na presidência da Anfavea

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