394-2022-11

9 AutoData | Novembro 2022 1960. Jacy honrava o cargo e a origem: era duro na sua relação com os trabalhadores, mas foi um dos responsáveis pela adoção no Brasil do conceito contemporâneo de Recursos Humanos, sucedendo ao do departamento de pessoal. Sempre foi figura instigante. Jacy só condenava mas Scheuer, também advogado, queria conversar: na sucessão de Jacy, se não falasse grosso com Beer, mostrando o tamanho de seu caráter, teria dançado. Chegamos à Câmara Setorial com o presuntivo presidente, Scheuer, sendo chamado à mesa no lugar do mandato finante de Jacy – que se retirou indignado e abandonado pela assessoria; em pleno 1992 não percebera os ventos que revoluteavam para outro lado. Muitos anos depois Jacy Mendonça mostrou que os ventos, realmente, não lhe diziam respeito, ao declarar que não houvera ditadura no Brasil e que a oposição, na forma de funcionários seus, da Volkswagen, não fora presa da repressão dentro de sua própria fábrica, em São Bernardo do Campo, SP. Autor jurídico Jacy de Souza Mendonça construiu um triste fim de reputação ao considerar, ao lado de Carl Hahn, ex-presidente mundial da Volkswagen, que permitir a tortura de funcionários dentro da empresa poderia ser algo aceitável em certos círculos. ERA A NOSSA APOSTA, SENHORES! 3 E coube ao outsider Scheuer a tarefa de representar a Anfavea no mais memorável conúbio amoroso da indústria e do comércio de veículos já registrado no Brasil, ao lado dos grandes Cláudio Vaz e Paulo Butori, pelo Sindipeças, pelos grandes Alencar Burti e Sérgio Reze, pela Fenabrave, e pelo grande Vicentinho pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Região. Estes seis cavalheiros foram dirigentes sêniores do setor brasileiro de transportes e do labor responsáveis, com Dorothea Werneck – nossa musa da hora representando, imaginem, o governo –, pela sua própria transformação qualitativa. Isto, damas e cavalheiros, não foi coisa pouca: colocou a indústria de veículos made in Brazil no patamar do moderno e do contemporâneo alçando seus potenciais para os dias de hoje, depois de viver melhores momentos anos atrás. E nós, damas e cavalheiros, nós, AutoData , vivemos dias a fio de meses a pavio tratando de traduzir, orgulhosamente, informação em conhecimento. Nossa missão ao longo dos anos. JORNALISMO É TRABALHO INTELECTUAL Calha, de vez em quando, que nós, jornalistas, nos defrontemos com métodos quantitativos de, digamos, pesquisas internas, mesmo que não passem de enquetes caseiras: acho isto ou acho aquilo a respeito de nosso próprio trabalho. As primeiras com as quais convivi datam de 1972, quando trabalhava na gloriosa Revisão da Editora Abril – há muitos bons 50 anos atrás – e começava na profissão: nosso chefete de plantão, um engenheiro de nome Matta, de quem ninguém mais teve notícia, tinha como tarefa autoimposta a medição quantitativa de nosso trabalho. Trabalhinho inglório, mostramos a ele, ao longo de muitos meses: quando você pretende ter a melhor publicação todas as medições, obrigatoriamente, devem ser qualitativas – e nada menos do que isto! Valemos por informações originais e corretas, valemos por interpretações abrangentes e valemos por análises acuradas diante da realidade e do momento. Trata-se, em síntese, de trabalho intelectual, estúpido!

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=