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25 AutoData | Novembro 2022 vem, de acordo com as projeções do Itaú, o índice ainda está acima da banda de to- lerância do Banco Central: “Issomostra que é difícil imaginá-lo cortando juros agressi- vamente, apesar da queda muito forte da inflação, até porque ela não vai para um nível confortável para que haja esse corte”. Eumdos fatores é a inflaçãode serviços, que ficou represada no auge da pandemia e que agora pressiona os preços diante da forte demanda. Nesse cenário a Selic deverá ficar esta - cionada nos 13,75% ao ano até dezembro e ao longo do primeiro semestre do ano que vem, e só começará a cair no terceiro trimestre, fechando 2023 nos 11% ao ano: “A queda é pequena exatamente porque há esse fenômeno inflacionário. E o fato de os juros estaremsubindo lá fora tambémdimi- nui a capacidade de cortá-los por aqui, pois se reduzimosmuitoo câmbio sedesvaloriza e gera pressões inflacionárias, exatamente o que o BC não quer”. Os juros médios de economias desen- volvidas, que antes beirava o zero hoje es- tão em 2% e a expectativa é que cheguem a 3,5%. Nos Estados Unidos deverá atingir 5%, o que fará comque o dólar se fortaleça diante de moedas ao redor do mundo. No caso do Brasil, um dos únicos países cuja moeda se valorizou, também se deveu ao fato de os juros já estarem elevados. Tanto que o Itaú projeta taxa de câmbio de R$ 5,25 para este ano e R$ 5,50 para o fim o ano que vem. A tendência mundial do dólar, entretanto, sugeria um dólar a R$ 6,20 em 2022 e de R$ 6,50 em 2023, lembra Gonçalves. Ele observa que isto normalmente atrai o investimento estran- geiro mas que, diante das incertezas da eleição, os investidores estão em com- passo de espera. Seja por causa do cenário externo de juros mais altos ou pela inflação de ser - viços, portanto, o especialista reforçou que vê o BC mantendo juros em patamar elevado por período prolongado tendo como consequência a desaceleração da economia. Ele lembrou que umdos fatores que contribuírampara dar força ao PIB este ano foi a valorização das commodities, que em 2023, diante da esperada redu- ção da demanda, deverá ter seus preços diminuídos também. Não fosse o cenário global de inflação e desaceleração da economia a perspectiva de crescimento do PIB do Brasil seria de 0,2 ou 0,3 ponto porcentual a mais, para 0,7% ou 0,8%, citou o economista, ao pon- derar que no ano que vem os desafios da parte fiscal continuarão. [ColaboraramAndré Barros, Caio Bednarski e Soraia Abreu Pedrozo]

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