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9 AutoData | Outubro 2022 A BOLA DA VEZ 5 Isto significa que a imprensa, os jornalistas que cobrem o setor de veículos, já recebem toneladas de informações sobre ESG aliadas a toneladas de informações a respeito de suas ações benevolentes com relação ao velho meio ambiente: são inaugurações de hortas comunitárias no terreno das fábricas, de aterros sanitários, de sistemas diferenciados de coleta dos lixos orgânicos e recicláveis, de água de reuso. E agora já surgem ações de seleção de jovens estagiários com base em seu gênero e em sua raça – e com relação à pauta ESG o mundo parece ser o limite. Deemerwha studio/Shutterstock.com A BOLA DA VEZ 3 Mas prestem a atenção: agora a bola da vez, a moda sur scène, atende pelo nome de ESG, sigla em inglês para governança socioambiental e, às vezes, corporativa. Substituirá, aos poucos, a pauta mandatória corporativa do meio ambiente para se traduzir, mais, em aplicações sobre as pessoas. Há quem, já saudoso das pautas ambientais, traduza ESG por sustentabilidade. No Google encontrei a tradução de seus seis pontos de apoio, pilares para o vulgo: transformação dos negócios em mercado de constante mudança, monetização, que deve significar traduzir tudo em valores correntes, asseguração, rastreabilidade, economia circular e governança. Claro: tudo mais bonito. A BOLA DA VEZ 4 Claro: tudo mais igual ao de sempre. A BOLA DA VEZ 6 Isto tudo para dizer que a cobertura do ramo de veículos está cada vez mais exigindo grande esforço, particularmente quando é feita do ponto de vista da economia, dos negócios e da política, como fazemos aqui em AutoData há exatos trinta anos neste outubro. Ah!: o executivo diz não saber as projeções de sua empresa para o ano seguinte porque o futuro é névoa, não diz que projeções enviou à matriz com relação aos dados macroeconômicos, inflação e valor do dólar equiparado ao real, por exemplo, e garante que ações em bolsa são sinônimo de sigilo. Quero dizer, damas e cavalheiros, que a transparência, aquela relacionada à tal governança corporativa que todos dizem estar no ESG, que nunca foi grande coisa, tende a encolher ainda mais – logo a transparência que, apesar de tudo, sustentou tão boas relações de jornalistas com suas fontes na indústria. Eu diria que este tipo de comportamento corporativo acompanha a saga da indústria no Brasil, cada vez mais desimportante e tornada irrelevante, pouco a pouco, pelos seus atores. Sinto cheiro de declive adiante, nessas relações, se é que me entendem.

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