393-2022-10

82 Outubro 2022 | AutoData E mbora bebam de fonte pouco con- taminada pelas volatilidades da eco- nomia, os fabricantes que embarcam automóveis premium para o Brasil não estão imunes às turbulências globais desencadeadas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. São eventos que têm reduzido a oferta e, consequentemente, a venda desses modelos em 2022, que até setembro estava 25% inferior a 2021. Con- fiantes de que terão menos dificuldades com semicondutores em 2023 a expecta- tiva é de que as importações cresçam 10%. Para João Oliveira, presidente da as- sociação que reúne os importadores, a Abeifa, o otimismo está ancorado não só na maior disponibilidade de produtos para o Brasil, até porque restrições no forneci- mento de chips devem se estender para 2023, mas também na confiança que o agronegócio brasileiro siga pujante pelos próximos três anos, que o PIB tenha um incremento de 1,5% em 2023 e o consu- midor mantenha o interesse pelas novas tecnologias dos carros importados. Também jogam a favor das vendas a previsão de juros em queda a partir do segundo semestre e o dólar mantido no patamar de R$ 5,20: “O câmbio ajuda, pois pouco tempo atrás estava em R$ 5,80, R$ 5,90. O que segurou os preços foi esse ganho cambial, senão teríamos de ter pro- movido reajustes consideráveis por causa Por Soraia Abreu Pedrozo Alta de 10% com ajuda do dólar comportado Importadores de carros de luxo mantêm planos de lançamentos e pelo menos metade das novidades deverá ser eletrificada dos aumentos dos custos de produção lá fora. O dólar está em patamar confortável diante do que já enfrentamos”. Oliveira antecipa ainda que algumas marcas poderão ser mais agressivas em preço se não houver grande variação do câmbio nem deterioração da situação na Europa. Para tanto a esperança é que o valor da energia não suba demais para os fabricantes europeus, pois em locais com restrição do consumo o ritmo de produ- ção deverá ser mais lento, trazendo mais restrições ao comércio global. A Abeifa não coloca em perspectiva a iminente escalada do conflito na Ucrânia e suas consequências na Europa, mas mesmo se isso acontecer não deve afetar muito os volumes das empresas associa- das à entidade, que importam em torno de 80% dos veículos do México e Mer- cosul, apenas 20% vêm da Ásia e países europeus. Oliveira admite que o Brasil ocupa posição relativamente difícil diante das matrizes, pois tradicionalmente tem baixa rentabilidade devido a fatores estruturais, ambiente de negócios e taxa de juros: “Se fizermos um ranking de margem onde as montadoras operam estamos na ponta de baixo. Então em um cenário de produção restrita temos como primeiros concorren- tes os outros países”. Apesar do contexto um tanto quanto PERSPECTIVAS 2023 » IMPORTADOS PREMIUM

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=