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8 LENTES Outubro 2022 | AutoData istockphoto/matteo69 Por Vicente Alessi, filho Sugestões, críticas, comentários, ofensas e assemelhados para esta coluna podem ser dirigidos para o e-mail vi@autodata.com.br A BOLA DA VEZ Acredito que a exigência pelo uso de catalisadores nos veículos seja contemporânea àquela que obrigava a indústria a dotar de filtros as suas chaminés pelo menos para reduzir a quantidade de material particulado, o popular pó preto, nas grandes cidades, nas regiões metropolitanas. Estas foram atitudes típicas do início da militância em prol do meio ambiente, ali pelos meados dos anos 70 do século 20: buscava causas evidentes, óbvias a olho nu, como também falava da água encanada e dos sistemas de captação de esgotos. Ninguém poderia ser contra a sua adoção. Eu me lembro da pioneira SIP, Sociedade Inimigos da Poluição. Catalisadores devem ter chegado um pouco depois mas os filtros representaram a primeira defesa do ambiente e da saúde dos cidadãos numa época em que, ainda, a estrutura industrial, incluída aí a indústria de veículos, era particularmente verticalizada. Ou seja: empresas geralmente dispensavam fornecedores externos e produziam internamente quase tudo o que sua manufatura requeria. Com o tempo a indústria manteve junto a si apenas seus segredos e diferenciais, como motores, por exemplo, quando era o caso. Ou câmbio, ou eixos, aquilo que considerava seu core business, como o desenvolvimento de produto e a própria montagem final. A BOLA DA VEZ 2 E o que se viu, ao longo desses quase 45 anos – e a despeito de toda a grita contrária do setor industrial, que alegava aumento nos custos e a piada de que a atividade industrial sucumbiria a cada vitória dos preservacionistas, que avançavam nas exigências –, foi o crescimento dessas exigências em nome do bem-estar dos cidadãos. E a indústria não quebrou por causa disto. Muito ao contrário, no caso da indústria de veículos, espertamente aquilo que seria negativo foi transformado em fato positivo: até começou a parecer que o automotivo foi setor pioneiro na defesa do meio ambiente e da saúde geral da sociedade. Trata-se de processo à espera, ainda, de seu narrador na forma de dissertação de mestrado ou na de tese de doutoramento na academia: de como fazer, dos limões, limonada numa tarde de Verão.