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75 AutoData | Outubro 2022 tiva, lá, fique abaixo do que empresas com forte presença nesses mercados esperam. É aí que a América do Sul dará sua con- tribuição para equilibrar a equação global da Stellantis: “Temos como objetivo con- tinuar crescendo ainda mais na América do Sul. E quero reforçar que não vamos para a eletrificação pura no Brasil porque isso representaria um distanciamento do nosso cliente e do mercado consumidor como um todo”. Por isto já estão em estágio avançado negociações para trazer fornecedores de outras partes do mundo para ajudar a lo- calizar a produção no Brasil de um sistema híbrido movido a etanol: “Estamos fazen- do isso rapidamente, o que não significa importar um kit feito na Ásia para montar no Brasil”. SEM DADOS, COM OTIMISMO Mesmo sem oferecer dados que cor- roborem sua expectativa Filosa prevê que a deflação observada nos últimos me - ses representa o início da recuperação do mercado interno “porque é algo que pouquíssimos países estão conseguin- do fazer”. Ele acrescenta que “o índice de desemprego, sobretudo de empregos qualificados como os da indústria, também são boas notícias, mesmo assim não é o momento para comemorar tanto, mas há razões para ser otimista com o futuro”. Mais: “O Brasil tem uma rota de saída da crise da pandemia claramente positi- va. Eu diria mais positiva que os outros, claro que não é a melhor do mundo mas, seguramente, está num grupo de países cuja retomada parece ser mais vigorosa”. Mas isso não significará uma almejada redução dos preços porque os veículos estão muito influenciados pela inflação global. Filosa faz questão de dissociar a inflação automotiva da inflação à qual to - dos estamos suscetíveis e que é composta pelos preços dos transportes, dos alimen- tos e dos serviços. A indústria automotiva compra aço, plástico, semicondutores e outros produtos acabados. Compra mi- nerais como ródio, platina, paládio para os catalisadores, cobre para os chicotes, “ Quem acredita que o Brasil pode dispensar uma transição de tecnologia sem passar pela rota do etanol é porque não está atento ao mercado brasileiro.” Antonio Filosa, presidente resinas, borracha para os pneus, ou seja, em sua maioria commodities globais. “A deflação que observamos no Bra - sil nos últimos três meses não foi inde- xada nesses produtos. Então os preços continuam nesse patamar muitas vezes considerado alto para grande parte dos consumidores.” Mais um motivo para voltar ao tema central da entrevista: “Sabemos que a nacionalização ajuda a nos proteger da volatilidade do dólar e todos os custos associados à logística, que está cada dia mais caro, além das taxas de importação. Temos escala e volumes que graças ao nosso desempenho comercial nos permite oferecer bons negócios aos fornecedores que queiram investir no Brasil. E nossa engenharia local tem experiência em desenvolver as soluções que o mercado demanda. Localizar, localizar, localizar, essa é a minha atual obsessão”. OS VIZINHOS Na Argentina, mercado em que a Stellantis temmaior participação porcen- tual da região, a volatilidade causada pelas incertezas políticas e pela economia débil, longe de enxergar a luz no fim do túnel, prejudicarão o processo de recuperação a partir do ano que vem. O Chile, atual segundo maior mercado da América do Sul em volume de vendas, passa por um período de instabilidade que persistirá até que se resolva o dilema da elaboração e a aprovação de uma nova Constituição.

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