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47 AutoData | Outubro 2022 PIB (%) Inflação IPCA (%) Inflação IGP-M (%) Juro Selic (% aa) Dólar (R$) Desemprego (%) Dívida pública líquida (% PIB) Conta corrente externa (US$ bi) Balança comercial (US$ bi) Investimento Estrangeiro Direto (US$ bi) As principais projeções do mercado 2022 2,7 5,7 7,8 13,75 5,20 9,1 58,4 -30,3 60,0 65,0 2023 0,5 5,0 4,6 11,25 5,20 8,7 63,2 -33,4 60,0 65,0 Fonte: Relatório de Mercado Focus/BC 10/10/2022 CRÉDITO RESTRITO Thaís Marzola Zara, economista sênior da LCA Consultores, avalia que o período ainda é de economia aquecida, fato que contribuiu na recuperação dos serviços e do emprego: “Tivemos diversos progra- mas de estímulo que impulsionaram o ritmo da atividade, como a liberação de FGTS e o reforço do Auxílio Brasil. Algu - mas dessas medidas contribuíram tam- bém a conter a inflação, como a redução de impostos sobre combustíveis e energia elétrica, que também ajudaram a aumen- tar a renda disponível para o consumo”. Mas Thaís Zara reforça que o ano termi- nará com inflação elevada, acima da meta, embora caminhe para desaceleração em 2023 em razão da alta dos juros, o que torna o crédito mais restritivo: “A inadim - plência já está subindo e a tendência é de aumentar mais. Isso fará com que o crédito fique mais restrito e trará redução da atividade econômica. O resultado é que teremos PIB crescendo 2,7% em 2022 e na casa de 0,5% em 2023, enquanto a inflação deve recuar de 5,8% para 5,2%”. A economista prefere avaliar a taxa de emprego em vez da de desemprego, por considerar mais assertiva, uma vez que durante a pandemia foi reduzido o contingente de pessoas em busca de trabalho: “Quando você olha para o total de pessoas ocupadas o quadro é positivo, superou bastante o período pré-pande- mia. Começa a desacelerar agora, mas temos neste momento uma população ocupada expressiva”. Com isto ela pontua que, mesmo se não houver crescimento do número de empregados, já estará garantida uma massa de renda mais alta em 2023, tam- bém em razão da redução da inflação. No entanto Zara ressalta que bens e serviços dependentes de crédito, que estará mais seletivo, experimentarão mo- mento mais complicado. Ela estima que a taxa de inadimplência das pessoas físicas subirá de 5,4% para 6,3% no ano que vem. AJUSTE FISCAL Um dos assuntos que está no campo das conjecturas no panorama econômi- co diz respeito às contas públicas e à capacidade do governo de administrar a situação e manter, por exemplo, o Auxílio Brasil em R$ 600. Thaís Zara entende que será necessário mexer no teto de gastos ainda que seja para garantir somente esse benefício social. Com relação aos outros incentivos prometidos, como a manutenção da desoneração de PIS/Cofins que incide sobre os preços dos combustíveis e o reajuste da tabela de Imposto sobre a Renda, a economista espera que sejam acompanhados de medidas para garantir fôlego aos cofres públicos, uma vez que os benefícios tributários comprometem a arrecadação e pioram o resultado pri- mário no ano que vem. “É importante que o governo aponte um comprometimento ou realinhamento da regra fiscal, que sinalize tendência de estabilização ou de redução do endivi- damento público, para não gerar uma piora de percepção. Provavelmente terá de pensar em um arcabouço fiscal para restaurar a confiança nas regras de gas - tos, que seja mais flexível para que não precise mexer a todo momento no teto, como vimos acontecer nos últimos dois ou três anos.”

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