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109 AutoData | Outubro 2022 trânsito atualizadas e o eConsulting para os clientes dos caminhões elétricos com informações sobre a integração dessa frota, infraestrutura de recarga e cone- xão em rede para garantir eficiência ainda maior ao usar caminhões sem emissões de poluentes. Essas foram apenas algumas das ini- ciativas que estavam distribuídas pelos pavilhões do IAA. Realmente a feira alemã é o centro do universo para o transpor- tador e evoluiu bastante não apenas na revelação de produtos, mas nos serviços conectados. E parece ser só o começo dessa transformação. Alguns executivos apostam que, até 2030, os caminhões se - rão coadjuvantes na feira, apenas gadgets, ou aparelhos equipados com tecnologias que gerenciam todas as operações do transporte sobre rodas – inclusive o vo- lante e o acelerador. TEMAS DEBAIXO DO TAPETE Se as novidades de Hannover apontam para o futuro próximo também é preciso notar que alguns temas importantes fica - ram de fora da IAA este ano ou, no máxi- mo, foram comentados à boca pequena para não chamar muito a atenção: foram as tecnologias de direção autônoma e o desenvolvimento de motores Euro 7 que ficaram de fora do campo de visão do evento. A automação da mobilidade já teve mais status, quando compartilhava os ho- lofotes com a eletrificação porque prome - tia resolver um problema que até agora perturba os transportadores: a falta de profissionais para conduzir os veículos. Mas no IAA 2022 as tecnologias de direção au - tônoma estiverampraticamente ausentes, parecem ter migrado para um futuro ainda mais distante do que se previa antes. São muitos entraves técnicos e de legislação que impedem o avanço da automação no transporte. Espera-se que até 2024 o tema volte a ter maior protagonismo. Já a Euro 7, nova etapa de redução das emissões na Europa dos veículos commo - tor a combustão, está sendo discutida pela Comissão Europeia sem a participação dos fabricantes. A legislação, que pode entrar em vigor em 2025, é motivo de in- dignação velada por parte dos executivos das empresas fabricantes de caminhões, que não veem sentido em investir no de- senvolvimento de motores caros quando a tendência da indústria é migrar para a eletrificação. Poucos abordaram o tema com clareza durante os dias reservados à imprensa no IAA. “Não faz o menor sentido investir para atender a Euro 7 pois a indústria precisa concentrar seus investimentos numa rota e essa rota é a da eletrificação”, protestou Mats Gunnarsson, vice-presidente execu - tivo das operações comerciais globais da Scania, umdos poucos a falar abertamente sobre o tema. A expectativa é que até o fim deste ano a Comissão Europeia apresente uma proposta, com reduções significativas de Nox e material particulado, hoje os prin - cipais poluentes do transporte rodoviário, alémde tornar marginal a emissão de CO2. Motores Euro 7 com a utilização de combustíveis sintéticos podem mudar a rota da eletrificação, disseram alguns especialistas no IAA. Seria uma alternativa para atingir os objetivos do Acordo de Paris para as emissões a partir de 2035, quando, espera-se, os veículos a com- bustão interna deixarão de circular no continente europeu. Os mais otimistas acreditam que a eletrificação de veículos comerciais de carga e de passageiros faz mais sentido nos centros urbanos, mas os caminhões e ônibus para transporte demédias e longas distâncias podem sobreviver com seus motores a combustão para além de 2035 caso sejam eficientes e a legislação, real - mente, obrigue à redução a níveis muitos baixos as emissões de CO2, NOx ematerial particulado. Mas quase todos dizem que é urgente uma definição e, assim como Gunnarson, preferem esperar a formalização dos le - gisladores europeus sobre a Euro 7 para dizer o que ocorrerá na Europa: “Estare- mos preparados para atender a qualquer legislação”.

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