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9 AutoData | Agosto 2022 BATALHA POR SEMICONDUTORES O Jornal da Ciência Especial, editado pela SBPC, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, número 799, referente ao biênio junho-julho, traz texto com o título A Batalha dos Semicondutores, assinado pela editora assistente Janes Rocha. Alguns excertos para ponderação: “Enquanto as guerras civis e militares se desenrolam com armas uma disputa gigante e sem armamentos acontece no campo comercial, porém fortemente afetada pelas batalhas de armas. É a disputa dos Estados Unidos com a China que, na visão de Sérgio Robles Reis de Queiroz, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade de Campinas, é muito maior e mais desafiadora para o mundo do que todas as outras, pois altera as cadeias de valor na área tecnológica. Um dos principais artefatos da disputa são os semicondutores, os chips”. BATALHA POR SEMICONDUTORES 2 “(...) A pandemia de covid-19 teve efeito devastador sobre a produção mundial, com as principais fábricas, a TSMC de Taiwan e a Samsung da Coreia do Sul, forçadas a parar a produção. (...) Como muitos produtos de consumo relevantes possuem chips várias cadeias de produção foram afetadas pela falta deles, em especial as indústrias automobilísticas e de celulares. (...) Informações da Anfavea para a Agência Brasil de Notícias indicam uma quebra estimada de produção de pelo menos 10% dos celulares e cerca de 7,5 milhões de automóveis em todo mundo. (...) Segundo Queiroz a China está avançando em termos de ocupar parcelas cada vez maiores da cadeia de produção e de suprimento de chips na medida em que vem internalizando a produção de componentes críticos, que antes eram feitos apenas no Japão e na Coreia do Sul. A China é uma grande produtora e vai se tornar cada vez mais dominante nesse mercado. Sancionado pelos Estados Unidos, desde os anos 90 o país vinha estocando chips para garantir seus suprimentos quando a pandemia chegou. (...) A guerra Rússia-Ucrânia agravou o cenário já que ambos são países altamente fornecedores de insumos para a produção de chips, como lítio, silício e produtos químicos, conta o economista Uallace Moreira, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia e pesquisador visitante do Ipea: ‘Já havia antes da pandemia uma preocupação com essa dependência antiga da China, tanto na Europa como nos Estados Unidos’. Ele lembra que embora as empresas de semicondutores sejam privadas os governos dos países onde elas estão sediadas aportaram a maior parte dos investimentos, direta ou indiretamente, por considerarem um setor estratégico”. BATALHA POR SEMICONDUTORES 3 “O Brasil, nesse cenário, vai no sentido contrário. No início de 2021 o governo (...) anunciou a dissolução do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada, estatal que era a única fabricante de semicondutores na América Latina. O tema ainda está em discussão na Justiça e, mais recentemente, o ministro das Comunicações (...) revelou a intenção do governo de retomar a produção, para atender à demanda criada com a chegada do 5G. Ricardo Augusto Rabelo de Oliveira, professor do Departamento de Computação da Universidade Federal de Ouro Preto, destaca que Alemanha, França, Estados Unidos e Japão estão retomando a construção de plantas de semicondutores como política pública, com altos investimentos estatais, uma estratégia que eles haviam abandonado nos anos 1980: “Só que a produção de semicondutores é tão cara e tão demorada que só vamos ter isso funcionando em 2025”.
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