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14 FROM THE TOP » JOSÉ MAURÍCIO ANDRETA JR., PRESIDENTE DA FENABRAVE Agosto 2022 | AutoData sistemas. Os elétricos tambémprecisam demanutenção e de lugares qualificados para fazer isso. A questão é que a eletri- ficação ainda demorará para acontecer aqui: o País precisamontar toda uma nova infraestrutura, mas estaremos prontos quando acontecer. Os preços de carros zero-quilômetro subiram muito depois da pandemia, as montadoras só oferecem modelos ca- ros e equipados. Nenhuma montadora parece estar interessada em lançar po- pulares. Hoje o tíquete médio de venda por unidade é de mais de R$ 120 mil. Com isso o carro zero virou sonho para a maioria e será difícil sustentar mer- cado acima de 2 milhões ou chegar a 3 milhões de veículos por ano. Qual o impacto desse achatamento na visão dos concessionários? O concessionário compra carro damon- tadora e vende com lucro. Enquanto ele conseguir fazer isso está tudo bem. Claro que os volumes caíram muito e o que fazemos é adaptar nosso tamanho à re- alidade domomento. Hoje as concessio- nárias estão ganhando dinheiro, mas por outro lado o custo do capital de giro subiu muito. Se antes para ter um estoque de cemcarros eu precisava de R$ 5milhões, hoje preciso de R$ 10milhões e isso pode causar prejuízos adiante. Depois que a produção voltar ao normal o distribuidor pode ficar sem capital, sem o mesmo número de carros para vender e perde rentabilidade. Só quemprofissionalizar a gestão sobreviverá neste cenário. Em julho a Fenabrave revisou para baixo as projeções de mercado este ano, pre- vendo que as vendas deveículos leves e pesados devemempatar com2021. Mas o senhor disse que ainda achava possível um pequeno crescimento. O que o leva a prever resultado melhor? No começo deste ano já tínhamos identi- ficado que omercado não cresceriamuito porque já estavam faltando produtos para entregar e isto continua até hoje. Por isso reajustamos as projeções para baixo. As “ Hoje as concessionárias estão ganhando dinheiro, mas o custo do capital subiu muito. Se antes para ter um estoque de cem carros eu precisava de R$ 5 milhões hoje preciso de R$ 10 milhões e isso pode causar prejuízos adiante.” os bancos podem demorar dois anos para retomar o bem de alguém que pa- rou de pagar o financiamento porque precisa da autorização de um juiz. Isso encarece e restringe o crédito, atrapalha nosso negócio. Chamamos aqui a Febra- ban e entramos em acordo para unificar o modelo de contratos com os bancos associados da entidade. Também traba- lhamos para acelerar o Renave [Registro Nacional de Veículos em Estoque], que para carros novos já funciona em todo o País, para usados está funcionando em cinco estados e começará embreve em São Paulo. Isto tornará as transferências muito rápidas, assim que o carro entra na loja, e legalizará a posse transitória do estoque de veículos das concessionárias [que hoje, em regra, continuamno nome de antigos proprietários até a revenda ao próximo comprador para contornar a burocracia de longo processo que pode levar vinte a trinta dias para colocar o bem no nome do revendedor e depois no do novo proprietário]. Como a tendência de eletrificação dos veículos causará impactos sobre a ati- vidade das concessionárias? Nós nos prepararemos para atender os carros comnovas tecnologias assimque isso seja necessário. O Brasil caminha mais para os híbridos flex e eles vão re - querer mais assistência porque têmdois

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