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76 Junho 2022 | AutoData AUTODATA 30 ANOS » MEMÓRIA Redação AutoData O nó que não desatou em 2001 A entrada no século 21 não foi nada fácil para o Brasil, sobretudo para a indústria nacional. Naquele ano de 2001, precisamente em maio, o País viveu o apagão. Uma crise ener- gética sem precedentes obrigou pesso- as, comércio e toda a cadeia industrial a reduzir o consumo de energia diante de racionamento imposto pelo governo. Na edição de junho daquele ano, menos de quinze dias após o governo anunciar, em 18 de maio, medidas de racionamento de energia, AutoData ouviu diversos líderes sobre aquele conturbado momento. A falta de chuva para alimentar reservatórios e a falta de planejamento do Estado brasileiro causaram a crise, que o governo tentou contornar com um plano feito quase que de um dia para o outro. Naquele momento, em junho, a in- dústria automotiva trabalhava com corte de 15% no fornecimento de energia para suas fábricas, frustrando a projeção de que o Brasil pudesse produzir 2 milhões de veículos naquele ano. Mas a realidade foi um pouco pior, pois passados alguns meses o racionamento foi elevado a 20%. Não bastasse o apagão a indús- tria tinha outros problemas, conforme demonstrou uma das reportagens da edição 142 em entrevista com o diretor da DaimlerChrysler, Manfred Straub: “O dólar subiu 20% este ano, em apenas cinco meses, e como as matérias-primas são commodities, o reajuste é inevitável. Estes aumentos atingem commuita força os nossos fornecedores, já penalizados pela maxidesvalorização de 1999. Exis- tem limites de repasse para o consu- midor final”. O então presidente do Sindipeças, Paulo Butori, na entrevista From the Top da revista, elencou algumas medidas para contornar a situação: “...uma reestrutura- ção fiscal visando a eliminar a incidência de impostos sobre produtos destinados à exportação direta de autopeças e às exportações indiretas, por meio dos ve- ículos. É preciso também desonerar os investimentos em bens de capital, desbu- rocratizar os canais de exportação e im- portação, promover uma reestruturação competitiva dos portos e das alfândegas”. E ainda estava por vir em 11 de se- tembro o ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos. 1992 2022 O racionamento de energia derrubou o otimismo e a projeção de produção de 2 milhões de unidades, enquanto a desvalorização cambial de 20% em cinco meses aumentou custos e obrigou ao repasse nos preços

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