389-2022-06

70 Junho 2022 | AutoData ESPECIAL AUTODATA 30 ANOS » AUTOPEÇAS O quadro de déficit tecnológico tam - bém é refletido no baixo nível de inves - timentos do conjunto das empresas do setor de autopeças, que segundo dados do Sindipeças mal tem ultrapassado a casa de 2% do faturamento total do setor nos últimos cinco anos. Esse porcentu- al chegou a 10% no fim dos anos 1990, mas só por causa da injeção de capital de empresas estrangeiras que compraram nacionais. Boa parte dos recursos investidos é dedicada à compra de máquinas e equi- pamentos, pouco foi para pesquisa e de- senvolvimento – a fonte maior de criação de valor para qualquer corporação. OPORTUNIDADES “A indústria de autopeças evoluiu no País, mas só algumas empresas cami- nharam rápido, outras não. Ainda existem muitos itens com fornecimento nacional limitado, como é o caso de eletrônicos que não temos aqui”, avalia Marcos Oli- veira. “Mas também houve áreas em que o setor se destacou à frente do resto do mundo, como no desenvolvimento do sistema flexfuel [bicombustível etanol - -gasolina] que se tornou uma solução de descarbonização.” Besaliel Botelho observa que a indús- tria automotiva se reinventou no Brasil a partir dos anos 2000 na onda da globali- zação, mas só a partir de 2010 começou, de fato, a produzir veículos globalizados, para os quais não havia capacidade de fornecimento local de grande número de componentes. No entanto, antes de superar essa disrupção, já existe outra: “O setor está acelerando a eletrificação do powertrain por causa das exigências de descarbonização da matriz energética. Isso abre oportunidades para a indústria de autopeças que precisa se preparar para esse momento”. Ele sugere: “Podemos, por exemplo, produzir baterias aqui, temos todos os minerais nobres necessários para isso. Precisamos nacionalizar a eletrificação, aproveitar a vantagem do etanol e, ao mesmo tempo, produzir para exportação, pois não dá mais para investir no Brasil só para aproveitar o mercado local. Há oportunidades, mas é preciso um plano para aproveitá-las”. Já Marcos Oliveira acredita que o desafio maior da cadeia de autopeças no Brasil é a questão da baixa escala de produção, o que para ele será supera- do quando o mercado nacional voltar a crescer: “O País está hoje aquém de seu poten- cial, que comcerteza émuitomaior do que 2 milhões de veículos por ano. Este volume já foi de 3 milhões a 4 milhões há não mui- to tempo e pode voltar a isso, o que não é desprezível para qualquer fornecedor no mundo. Pode ficar melhor ainda se as sinergias do Mercosul forem exploradas. O desafio será conseguir escala com a grande fragmentação de montadoras e modelos feitos na região.” Divulgação/ZF Divulgação/ZF

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=