389-2022-06

68 Junho 2022 | AutoData ESPECIAL AUTODATA 30 ANOS » AUTOPEÇAS importações de componentes, que passa- ram a pagar alíquota de apenas 2%, contra tarifas anteriores de 14% a 18%. Quando o mercado foi aberto e o Brasil foi exposto à globalização alguns elos da corrente de fornecedores se romperam. “Éverdade que não tínhamos capacida- de de fornecer os sistemasmaismodernos, mas não conseguimos financiamentos do BNDES para modernizar o parque”, conta Butori. “Foi uma política desastrada, que provocou o fechamento de mais de qua- trocentas pequenas e médias empresas da cadeia, enquanto algumas das grandes nacionais foram vendidas a grupos inter- nacionais por um décimo do que valiam.” Empresas de autopeças menores fe- charam e as que tinhammaior viabilidade econômica foram compradas por grandes multinacionais. Foi o caso de algumas joias da indústria automotiva nacional como a Cofap, vendida em 1998 para a Magneti Marelli, a Freios Varga adquirida em 1997 pela Lucas – antes de ser TRW – e a Metal Leve, que em 1996 passou ao controle da Mahle. A globalização alterou o controle da cadeia brasileira de autopeças, que até o começo da década era composto por 80% de empresas comcapitalmajoritariamente nacional. Dez anos depois o porcentual se inverteu e grupos estrangeiros passaram a dominar mais de 80% do faturamento do setor. “A internacionalização fortaleceu o se- tor porque trouxe escala, investimentos e acesso a tecnologias”, avalia Marcos Oli- veira, CEO da Iochpe-Maxion, que por 28 anos trabalhou na Ford e foi seu presidente no Brasil de 2006 a 2012. INTERNACIONALIZAÇÃO A Iochpe-Maxion, curiosamente, foi das poucas grandes empresas do setor que conseguiram escapar da venda total ao capital estrangeiro, porque tem finanças sólidas e soube traçar seu plano de inter- nacionalização. A empresa saiu de alguns negócios e centralizou seu foco em rodas – tornou-se a maior fabricante mundial – e componentes estruturais, ampliou sua presença fora do País e comprou concor- rentes como a Arvin e a Hayes Lemmertz. Hoje tem fábricas em catorze países e 70% do faturamento vêm do Exterior. Em ambiente onde só as grandes corporações internacionais sobrevivem ganhar escala internacional foi o caminho que preservou as poucas grandes corpo- rações brasileiras de autopeças que res- taram, como Tupy e unidades fabricantes de componentes Empresas Randon, além da própria Iochpe-Maxion. O problema é que grande parte do desenvolvimento tecnológico do setor automotivo ficou fora do País. A produção nacional de autopeças permanece con- centrada em itens metálicos e plásticos de menor complexidade tecnológica, que seguem sendo necessários, mas têmme- nor valor agregado. Módulos eletrônicos, cada vez mais necessários e presentes Divulgação/Master

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=