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50 Junho 2022 | AutoData INDÚSTRIA » ABC AUTOMOTIVO Na Scania é aplicado R$ 1,4 bilhão até 2024 para atualizar as linhas e dedicar parcela a projeto de combustíveis alter- nativos, como a produção de caminhões movidos a gás. Para o vice-presidente da Anfavea as duas empresas que saíramda região foram motivadas por razões particulares. A Ford encerrou as atividades em São Bernardo por uma questão estratégica mundial, de parar de produzir caminhões, enquanto a Toyota – que desde 2001 só produzia peças na fábrica do ABC – está saindo porque quer otimizar suas operações em outras três fábricas no Estado, Sorocaba, Indaia- tuba e Porto Feliz. Além da logística facilitada e mão-de- -obra especializada no ABC, Megale tam- bém reafirma que o setor espera que o mercado brasileiro voltará a crescer e que as montadoras utilizarão as fábricas para atender ao aumento da demanda: “Nós acreditamos nisso. E já temos capacidade instalada aqui. Não vou tirar daqui e levar para outro lugar. Talvez as fabricantes de caminhões [Mercedes-Benz e Scania] es- tejam usando um pouco mais do que as de veículos leves, mas ainda há espaço para aproveitar”. Aexceção ficaria por conta de plano que fizesse comque algumas dessas empresas resolvessem transformar toda sua capaci- dade de produção para fazer de veículos elétricos, por exemplo. Se isso acontecer talvez as instalações no ABC não sejam mais necessárias e a montadora pode re- solver ir para outro lugar, conta Megale: “Mas a eletrificação virá ao Brasil em um ritmo diferente do de outros países. Não vejo ameaças no curto e médio prazos”. Quanto à atração de novas empresas, entretanto, o executivo acha difícil, pelo fato de outros estados serem mais atrativos e oferecerem benefícios como incentivos tributários e terrenos: “Estamos dentro de umperímetro urbano, o que traz certa com- plicação. De um lado traz a vantagem de os profissionais poderem morar perto da fábrica mas, por outro, restrições como a circulação dos caminhões”. Megale lembra que a região enfrenta as consequências de ser altamente indus- trializada e urbanizada aomesmo tempo, e que por isso dispõe de poucas áreas livres disponíveis, alémde ter preços de locação e custo de vida mais elevados. Se é verdade que o berço do setor au- tomotivo nacional vem perdendo atrativi- dade ao longo das últimas três décadas também é fato que a falta de planejamen- to urbano e econômico do Estado e dos municípios do ABC contribuiu bastante para o derretimento industrial da região. Afinal ninguémvai embora de onde é bem tratado, tem demandas atendidas e gera lucro. Talvez seja para tarde recuperar o que já foi perdido, mas ainda é tempo de manter o que se tem. Foto: Adonis Guerra/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Foto: Adonis Guerra/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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