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7 AutoData | Abril 2022 Reprodução Twitter RELAÇÕES ESQUISITAS O largo rol de relações esquisitíssimas do empresariado industrial do País com o governo ganhou mais um item esses dias – e não se refere a relações mantidas com os governos militares-civis gerados pelo golpe de 1964. Não. É carta em papel timbrado da CNI, a Confederação Nacional da Indústria, expediente número 503/2019-Pres, com data de 15 de agosto de 2019 e assinada pelo presidente Robson Braga de Andrade. A carta foi obtida pelo jornalista Jamil Chade e publicada na sua conta no Twitter. Foi enviada ao então presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e trata da “indicação do deputado Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador”. A história do interesse do deputado pelo cargo todos conhecem à larga – glosas a respeito nunca faltaram –, mas não se conhecia o interesse da CNI pelo assunto. Logo a CNI que tem, como vice-presidente executivo, Paulo Antônio Skaf, até outro dia presidente da Fiesp e conhecido criador de patos. O texto da carta começa dizendo que o elemento em questão é altamente qualificado para o posto e encerra garantindo que [sua indicação] será medida positiva no aprimoramento das relações dos dois países e benéfica para o desenvolvimento brasileiro. RELAÇÕES ESQUISITAS 2 Trata-se de rematada falta de compostura. Nem Theobaldo di Nigris nos seus arroubos de apoiador da ditadura de 1964 deve ter chegado a tanto nas suas circunstâncias como presidente da Fiesp. Não há como justificar atitude tão solícita a não ser lembrando do papel dos capachos. A CNI, como já se leu mais de uma vez neste Lentes, corre o seriíssimo risco de se tornar dispensável dado que a mediocridade já exerce há muito tempo. Diante disso cresce a responsabilidade de representação da diretoria da Fiesp que tomou posse em janeiro diante do clima que se vai formando a seis meses das eleições. Pois, como lembra a newsletter Relatório Reservado, o governo está empenhado em “atrair o empresariado nacional. A ideia é que Paulo Guedes organize um megaevento no qual seria apresentado uma plano de governo com mudanças estruturais e a cereja do bolo seria espaço para as demandas específicas de cada setor. As ‘sugestões’ seriam vocalizadas por pesos pesados da iniciativa privada escolhidos a dedo para a tarefa”.

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