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55 AutoData | Abril 2022 Pablo Di Si, da Volkswagen litro da gasolina o suficiente para com - pensar o consumo maior – o que hoje só acontece em poucos estados brasileiros, principalmente na Região Sudeste. Especialistas apontam que o governo pode regularmelhor essemercado, não só comsubsídios ou reduções passageiras de impostos mas com a criação de estoques reguladores, garantindo preços mínimos de compra aos produtores para suavizar as altas de preços na entressafra de cana. COM ESTÍMULOS, MAIS ETANOL Estudo sobre tendências de descarbo - nização veicular no Brasil, encomendado no ano passado pela Anfavea ao Boston Consulting Group, BCG, aponta que a tec - nologia flex tem e terá grande relevância ao País em qualquer cenário nesta e na próxima década, mas o consumo de eta - nol hidratado puro E100 pode melhorar bastante com estímulos. Sem políticas de incentivo o BCG esti- ma que o porcentual de consumo de E100 no País deve subir um pouco, dos 37% em 2020 para 45% em 2030 e 46% em 2035. Mas se for desenhada uma política para privilegiar os biocombustíveis o estudo indica que a utilização de etanol subiria para 53% em 2030 e 61% em 2035, o que reduziria as emissões anuais de CO2 da frota brasileira de veículos leves de 79 Divulgação/VW milhões de toneladas, em dado de 2020, para 71 milhões em 2035. Para sustentar o possível cenário positi - vo para o consumo do etanol o BCG apon- ta que será necessário, até 2030, aumentar em 18 bilhões de litros a produção anual do biocombustível de cana e milho, que em 2020 foi de 32 bilhões de litros, o que exigiria investimentos de R$ 50 bilhões em quinze anos, além de pequeno aumento de 1 milhão a 2 milhões de hectares na área plantada de matéria-prima, que somou pouco mais de 10 milhões de hectares de cana em 2021 – equivalente a 6,5% da área cultivável total do País. O Brasil conta ainda com uma imensa reserva agroenergética, que pode mais do que dobrar a produção de etanol no País só com o aproveitamento de resíduos da agricultura, como a própria palha e o bagaço de cana, que têm potencial ener - gético equivalente estimado em mais de 4 milhões de barris de petróleo por dia. A partir de reações bioquímicas é possível produzir etanol celulósico de segunda geração: o processo ainda tem custos economicamente inviáveis, mas poderá se tornar viável com políticas de incentivo e maior taxação de combustíveis fósseis. MAIS EFICIENTE QUE OS ELÉTRICOS Enquanto países na Europa, Estados Unidos e China apostamna cara estratégia de eletrificação total dos veículos – ainda commuitas questões a serem resolvidas, como insuficiência de fontes limpas de geração de energia e preço muito eleva- do das baterias –, o Brasil já tem em sua matriz biocombustíveis capazes de baixar emissões de CO2 emníveis atémaiores do que com o uso de carros elétricos. Pontua Henry Joseph Jr., diretor técnico da Anfavea: “A Europa não tem capacida - de de produzir biocombustíveis como o Brasil, e lá eles são obrigados a investir na eletrificação. Mas aqui temos o etanol em larga escala e seu uso em carros flex pode ser alternativa até mais limpa quando as emissões são medidas do poço à roda”. Segundo cálculos da Unica, União da Indústria da Cana, considerando o ciclo

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