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52 Abril 2022 | AutoData HISTÓRIA » FLEX FUEL bustível, enquanto os concorrentes Fiat, General Motors e Ford faziam o mesmo. A tecnologia já havia sido introduzida nos Estados Unidos, desenvolvida inicial- mente pela Bosch, coma instalação de um sensor de combustível na linha do tanque ao motor. Mas era uma solução cara: “Co- meçamos, então, a desenvolver tecnologia própria, aproveitando a eletrônica que os carros já tinham na época”. “Foi quando a engenharia brasileira mostrou seu valor”, destaca Medeiros. “Conseguimos desenvolver aqui um sis- tema flex muito sofisticado, mas também acessível, sem elevar o preço do carro e que funciona bem.” O fim da Lei de Informática e suas restrições às importações de módulos eletrônicos foi fator fundamental para o desenvolvimento da tecnologia brasileira flex fuel. Isso porque permitiu a adoção, no País, de sistemas de injeção eletrônica nos motores ciclo Otto – e foi justamente esse conjunto de centrais eletrônicas e sensores que os engenheiros começaram a reprogramar para funcionar com dois combustíveis em qualquer proporção. A solução encontrada foi introduzir novo modelo de cálculo matemático no mapeamento da central eletrônica de ge- renciamento do motor, que passou a usar dados do sensor de oxigênio instalado no coletor de exaustão, além de outros sen- sores como de detonação e avanço, para descobrir qual combustível está sendo usado pelo motor e em qual proporção, para ajustar os padrões de funcionamento e adaptar automaticamente a máquina para queimar etanol, gasolina ou a mistura de ambos. Uma das primeiras a desenvolver o sis- tema, em conjunto com as montadoras, foi a Magneti Marelli, na época uma empresa de peças e sistemas do Grupo Fiat. Bosch, Delphi e Continental também trabalhavam na mesma tecnologia e meses depois já forneciam a injeção eletrônica flex a di - versos fabricantes de veículos no Brasil. Em 2003 todos os quatro maiores fa- bricantes de veículos no Brasil já tinham a tecnologia bicombustível quase pronta para ser lançada. Foi quando aVolkswagen aproveitou uma visita à fábrica da Anchieta do então presidente da República para mostrar oficialmente o primeiro carro fle - xível brasileiro, o Gol Total Flex. “Tínhamos muitas dúvidas sobre como o consumidor receberia a novidade: se teria confiança na tecnologia, se usaria gasolina com um pouco de etanol ou o contrário”, pondera Joseph Jr. “A aceitação foi surpreendente. Até em locais onde o etanol é mais caro do que a gasolina o consumidor passou a querer o flex, porque descobriu que isso valoriza o carro na hora da revenda.” VINTE ANOS DE EVOLUÇÃO A mais recente evolução do sistema flex fuel é a fusão com a propulsão elé - trica em carros híbridos, que especialistas chamam de combinação perfeita, pois reduz substancialmente o consumo e as emissões que sobram são neutralizadas com o uso de etanol. A Toyota foi a primeira a apostar na solução: lançou em setembro de 2019 o primeiro carro híbrido flex do mundo, uma versão do sedã Corolla produzido em Indaiatuba, SP, que desde então vendeu mais de 22 mil unidades. Em março de 2021 lançou o SUV Corolla Cross feito em Sorocaba, SP, com o mesmo sistema e quase 14 mil já foram vendidos. Divulgação/VW

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