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49 AutoData | Abril 2022 guinte: a participação caiu a menos de 1% em 2000, ou 10,2 mil unidades. O renascimento veio a partir de 2003 com o lançamento da tecnologia flexfuel, fruto da criativa engenharia brasileira que, ao permitir o uso de gasolina com etanol emqualquer proporção, fez o combustível fóssil salvar o biocombustível brasileiro. A escalada da tecnologia foi meteórica no Brasil. Apenas três anos após o lança- mento do primeiromodelo quase 80% dos veículos leves vendidos eram bicombus- tível etanol-gasolina em 2006, para nunca mais baixar desse nível, subindo ao pico de 87,6% em 2018, com 2,2 milhões de unidades flex vendidas, ficando na casa dos 82% de 2021 até agora. Só em automóveis, onde não há com- petição com picapes e furgões a diesel, a participação dos modelos flex é ainda maior, com auge de 94% em 2019, ou 2,1 milhões de emplacamentos, descendo ligeiramente a 90,6% em 2021, com 1,4 milhão de carros etanol-gasolina. Rapidamente omotemudou para Carro Flex, Quase Todos Já Têm Um. Bastaram dez anos para que a frota de veículos bi- combustível chegasse aos 20 milhões, em 2013, e deverá dobrar para 40 milhões neste 2022 – no fim de 2021 a soma era de 38,2 milhões –, o que representa mais de 80% da frota circulante de veículos leves no País, volumemuitomaior do que o con- quistado pelos carros puramente a álcool, Divulgação/Chevrolet que desde 1979 somaram 6,2 milhões de unidades vendidas. Hoje todos os quase duzentos modelos de catorze marcas produzidos no Brasil têmmotor ciclo otto bicombustível, e até alguns importados são equipados com o sistema flexfuel exclusivamente para o mercado brasileiro. MATRIZ MAIS LIMPA E SEGURA Se o Proálcool foi o maior plano de substituição de combustível fóssil do planeta – obviamente, antes de se ouvir falar em carro elétrico –, o sistema flex fuel criou no Brasil o mais bem-sucedido programa de descarbonização com uso de biocombustível renovável, garantindo ao País a matriz energética veicular mais limpa do mundo. Isso porque cerca de 90% das emissões de CO2 provenientes da queima do etanol nos carros são reabsorvidos pela própria plantação de cana-de-açúcar, matéria- -prima de 90% do álcool combustível con- sumido aqui. Os outros 10% vêm do milho. Graças ao balanço quase nulo de emissões do etanol desde o lançamento dos veículos flex, de março de 2003 até outubro de 2021, o uso do biocombustí- vel evitou a emissão de 570 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, segundo estimativa da Única, União da Indústria da Cana-de-Açúcar. Com ampla distribuição e consumo ga- rantido por meio dos veículos bicombustí- vel o etanol ganhou relevante importância estratégia para a segurança energética brasileira, menos dependente do petróleo. Desde a criação do Proálcool, em 1975, até 2020, o uso do biocombustível no País substituiu o gasto de 523 bilhões de litros de gasolina, também segundo cálculos da Unica. Isso representou economia de US$ 600 bilhões, o dobro do nível atual das reservas internacionais brasileiras. “O etanol tem duplo benefício: ganhou conotação ambiental nos últimos anos, mas também tem importante papel na se- gurança energética do País”, avalia Marcos Palásio, gerente de engenharia da divisão de powertrain da Bosch. “O Proálcool nas-

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