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17 AutoData | Abril 2022 de produção global de componentes para motores a combustão enquanto os maiores mercados mundiais, como Europa, Estados Unidos e China, se concentram em peças para veículos elétricos e eletrificados? Nem sempre o veículo elétrico será a solução para a redução de CO2. De- pende do local onde será utilizado e de como a energia será gerada. Tanto as- sim que deixamos de falar em eletrifica - ção para falarmos em descarbonização: a eletrificação passou a identificar uma das formas para atingir a descarboni- zação, e não a única. Acreditamos que a propulsão elétrica ocorrerá de fato, mas outras formas coexistirão e terão participação maior ou menor conforme a região. O motor a combustão ainda terá mercado por muitos anos, algumas décadas. No Brasil, acredito, o híbrido com etanol andará muito mais rápido do que o elétrico. Não é um demérito ser grande produtor de uma tecnologia que não é de ponta. O principal é gerar empregos e divisas. Se a tecnologia ainda tem mercado e possibilidade de evoluir, não é desmerecedor. Vejo essa questão pelo lado do copo cheio. Nos últimosmandatos o Sindipeças teve presidências com estilos bemdistintos: primeiro Paulo Butori, mais passional, às vezes até um pouco catastrofista, e depois Dan Ioschpe, mais apaziguador, conciliador, inabalável. O seu estilo será mais para um ou para outro ou será di- ferente, representando, por assimdizer, uma espécie de terceira via? Estou no setor há 32 anos e frequento o Sindipeças há quase 25 anos. Convivi com as duas gestões. Tenho orgulho disso e aprendi muito com os dois, pois sou muito observador. Além disso tenho a sorte de ambos estarem em um dos conselhos da associação. Diria que meu estilo será uma mistura dos dois, mas sempre mantendo o entendimento de que o caminho do diálogo e da conci- liação é o que sempre leva mais rápido ao melhor resultado. As nossas PMEs têm sido extrema- mente resilientes. Mesmo com todas as dificuldades continuam firmes e for - necendo. Não tivemos nenhum impacto de fornecimento local, o que há hoje em falta de componentes é o que vem de fora. E cabe lembrar que as empresas nacionais também foram penalizadas por isso, porque com a falta de partes vindas do Exterior elas tiveram parte de seus programas reduzidos, pela menor produção das montadoras. De modo geral as empresas emmaior dificuldade são exceção e não a regra. O que o senhor pensa da possibili - dade de o Brasil se tornar um centro “ Não é um demérito ser grande produtor de uma tecnologia que não é de ponta. O principal é gerar empregos e divisas.”

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