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74 Dezembro 2021 | AutoData AUTODATA 30 ANOS » MEMÓRIA Por S. Stéfani Frio, insensível e calculista Sul, Brasil incluído. Mesmo porque em todos esses lugares o consumidor tem idêntico perfil: é frio, calculista, insensível e quer sempre o máximo de tecnologia e qualidade pelo menor preço. Não tem o menor interesse onde o carro – ou qual- quer outro produto – foi fabricado. Tende até a achar que se a montadora substituiu operários por robôs, tantomelhor na medi- da em que isto, quase sempre, representa maior garantia de qualidade. É por tudo isto que o acordo firmado, emnovembro, entre aVolkswagen e o Sin - dicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, após demorado e instigante jogo de xadrez entre Demel e Luiz Mari- nho, presidente da entidade, com os dois lados sabendo que estavamdiante de uma questão estrutural e não conjuntural, tem méritos de destaque na história do setor. Enfim, o problema começou a ser en - carado de frente. E a região do ABC, berço do setor automotivo e de boa parte da indústria nacional, pelo menos saiu da UTI. Seu estado de competitividade ainda é grave. Mas voltou a ter alguma chance, ao menos, de sobrevivência. Reprodução na íntegra de editorial de AutoData publicado em dezembro de 2001 1992 2022 O Brasil pode ter começado a ganhar, em novembro, um novo pólo au - tomotivo: o da região do ABC, na Grande São Paulo. Pode não ser exatamente isto. Mas é quase isto. Enfim o problema começou a ser encarado de frente. E com a obje- tividade e clareza de raciocínio típica de Herbert Demel, presidente daVolkswagen. “Os consumidores não perguntam onde o carro foi fabricado antes de definir sua compra”, lembra. “E costumam comprar o de preço menor”. Trata-se de uma lição que as chama- das três grandes americanas, uma delas agora teuto-americana, aprenderam ain- da neste ano quando viram suas vendas desabarem bem mais do que as vendas dos japoneses. Motivo? Simples: com a mudança do patamar do iene as japonesas tinham per- dido competitividade no mercado dos Es - tados Unidos e, assim, acabaram forçadas a instalar novas fábricas locais. Fábricas, obviamente, que foram colocadas fora das regiões automotivas tradicionais. E com unidades mais modernas e operadas por mão-de-obra de menor custo não tiveram maiores dificuldades para avançar sobre o mercado até então tradicionalmente do- minado pelas três grandes. Agora são elas as três grandes, que estão exatamente na fase de construção de fábricas também fora das áreas tradicionais, numa seqüên- cia mais que natural da iniciativa japonesa. Assimé nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia e, é claro, também na América do

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