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16 Dezembro 2021 | AutoData frentar outros desafios. Meu hobby era velejar e decidi fabricar veleiros. Procu- rei pessoas que entendiam do processo e do mercado e fundei minha empresa. Foram mais alguns anos nesse ramo e por volta de 2012, 2013 resolvi realizar um sonho antigo, dar a volta ao mundo. Produzi meu próprio veleiro, de 44 pés, e quando ficou pronto vendi tudo e fui junto com um amigo que já trabalhava comigo. Quanto tempo demorou a viagem? De julho de 2014 a dezembro de 2016. Foram dois anos e meio viajando pelo mundo, algo maravilhoso, uma experi- ência incrível. Me ajudou muito no que estou enfrentando hoje. É onde você muda seus valores. No meio do mar ter dinheiro ou poder não significa nada, em caso de necessidade você pode contar apenas com amigos de outros barcos. E se exercita muito a capacidade de planejamento e ao mesmo tempo de improvisação. O momento mais difícil foi em Fortaleza, CE, com o barco ainda amarrado na marina. Ali os ventos e a correnteza te empurram para cima, a partir do momento que se sai não tem mais volta, tem que ir para frente. A de- cisão crucial foi encher o peito de cora- gem e dizer: vamos soltar as amarras e ir embora. Quando se solta as amarras tudo passa a ser experiência de vida e aventura, e isso é muito motivador. “ Tomar a decisão de lançar um produto novo no meio de uma crise foi muita ousadia, mas estou certo de que isso provocou uma reação mais prematura no mercado, animou as pessoas a voltarem a comprar.” de calçados, nos anos 80. Fui crescen- do e cheguei a chefe das operações e depois abri minha própria exportadora. Continuei no ramo de calçados, o que me trouxe experiência em um segmen- to muito competitivo, de briga de foice. Viajava muito e foi uma época muito intensa. Com o Mercosul, no início dos anos 90, passei a fazer muitos negó- cios com a Argentina e fiz um amigo e sócio lá. AArgentina era muito fechada e a Marcopolo não tinha representante lá. O meu pai, Paulo Bellini, ofereceu somente me apresentar ao gerente de exportação da época e apresentar uma proposta. Ele não me dava moleza. Mas acabamos sendo nomeados, em caráter experimental, em 1992. A importação de ônibus ali era proibida na época, mas não a de carrocerias. Mandávamos um chassi de lá para cá, montava a carro- ceria e voltava para lá. O curioso é que o chassi era brasileiro e já tinha ido para a Argentina em primeiro lugar. Mas era o jeito. Deu certo e não só abrimos o mercado como nos tornamos líderes de mercado lá. A partir disso o senhor chegou à Mar- copolo propriamente dita? Isso foi em 1996, quando fui convidado para ser gerente de exportação. Foram dez anos a partir daí. Aprendi tudo o que eu sei de Marcopolo nessa época. Em 2006 decidi sair da empresa para en- FROM THE TOP » JAMES BELLINI, MARCOPOLO

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