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95 AutoData | Outubro 2021 crise de fornecimento, global, movimenta as equipes logísticas das fabricantes de veículos comerciais pesados. Na Volkswa- gen não é diferente: Cortes afirma que o monitoramento é dia a dia, mas, ao menos por enquanto, não há motivos para gran- des preocupações. “Temos o privilégio de sempre, em nossa história, priorizar o fornecimento local, então temos menos dependência de peças importadas. Mas nossos fornece- dores compram lá de fora, especialmente os de motores e transmissões, o que nos preocupa. E há dificuldades também em componentes com produção local, como pneus.” De toda forma a produção em Resen- de, RJ, em dois turnos com horas extras, atende à demanda atual sem grandes complicações. Cortes acredita em ma- nutenção, no mínimo, do ritmo em 2022, com o mercado de caminhões superior ao que for registrado em 2021 e o mesmo com o segmento de ônibus. O executivo, por presidir uma compa- nhia com ações listadas em bolsa, não pode divulgar números de projeções de crescimento. Mas elenca razões para acre- ditar em volume maior: o crescimento do PIB, na casa dos 5% em 2021 e que ele acredita ficará em 2% a 3% no ano que vem, o fator psicológico, pois com o fim da pandemia aqueles que estavam adian- do decisões retornarão a investir, o efeito represado de recuperação da indústria, iniciado em 2017 e interrompido com a pandemia, novas modalidades de negó- cios, como os alugueis de caminhões, e a necessidade de renovação da envelhecida frota brasileira. Mas Cortes aponta, também, riscos: a crise de semicondutores, a necessidade de a indústria seguir corrigindo preços de seus produtos e uma possível crise energética. “Outro ponto de atenção é com relação ao crescimento de 2021: o quanto disso foi realmente volume adicional e o quanto foi venda do ano passado não efetivada por causa da pandemia da covid-19.” Reconhecida e assumidamente otimis- ta o executivo da divisão do Grupo Traton celebrou os resultados de seus mais re- centes lançamentos, o pesado Meteor e o elétrico e-Delivery, que “superaram todas as expectativas”. O primeiro já teve sua produção duplicada após o desempenho dos primeiros meses, pois há fila de espera de seis meses para algumas versões, e já há estudos internos de tomar a mesma decisão na linha do elétrico. E não há crise de semicondutores nem pandemia que atrapalhem o projeto de internacionalização da Volkswagen Cami- nhões e Ônibus, outro ponto de destino do investimento de R$ 2 bilhões anunciados no fim do ano passado, de 2021 a 2025. Cortes destaca que as exportações dos produtos de Resende cresceramduas ve- zes acima da média do mercado: “Damos aos mercados externos a mesma priorida- de que damos ao mercado brasileiro. Não deixaremos de exportar para direcionar mais volumes para cá”. “ No passado qualquer instabilidade parava o País. Agora passamos por uma fase aguda de incerteza institucional e os negócios seguiram crescendo. A tendência é de estabilidade na política: as instituições se mostraram fortes.” Roberto Cortes, CEO

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