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90 Outubro 2021 | AutoData Segundo Leoncini o Brasil temdeman- das específicas para o Euro 6 que tornamo processo de certificaçãomais alongado do que na Europa, e tanto montadora como fornecedores precisam de pelo menos seis a sete meses para completar o pro- cesso: “Se temos vinte motores temos de homologar todos. Junte as demandas de todas as montadoras. Temos de ver se o governo conseguirá lidar com isso, e em quanto tempo”. Leoncini também pondera que 2022 enfrentará elevação dos juros, o que ele- vará o custo de financiamento. E há ainda os aumentos do frete, dos insumos, do dólar: “Em 33 anos de indústria nunca vi reajuste de 100% no aço. Polímeros e bor- racha também subiram. Não repassamos todos os custos, mas tudo tem um limite”. O executivo assinala que ninguém fazia conta comdólar a R$ 5,20, nemmesmo os mais pessimistas, “e agora estamos mais vacinados, mas tem que parar por aí, se não fica inviável”. Pesará também a crise hídrica: “Os custos sobem estupidamente. Tudo isso trabalha contra. Mas na outra ponta temos a demanda crescendo pelo aumento da necessidade do transporte. Somos ainda um País basicamente rodoviário. Com a pandemia hoje alguém entrega as com- pras de supermercado para você. Pode ser que esse movimento diminua, mas não creio que voltará a zero”. Para equalizar a escalada dos custos internos a Mercedes-Benz segue firme no propósito de conquistar novos mercados externos, até porque a principal cliente, a Argentina, responsável por 60% das en- comendas, atravessa momento difícil na economia. A saída tem sido investir em vendas no Oriente Médio e na África: “De- vido ao patamar do dólar agora brigamos com os chineses, e a robustez dos nossos produtos atende muito bem países com características iguais ou piores que as nos- sas”. A expectativa é ampliar o comércio exterior em 15% no ano que vem. Nos ônibus nova etapa do Caminho da Escola aliada à melhoria do quadro pandêmico faz com que a projeção seja ainda mais expressiva para 2022: avanço em torno de 30% no mercado total, com a empresa acompanhando o mesmo ritmo: “Em 2022 o crescimento estará mais nos urbanos e rodoviários, que passaram bas- tante dificuldade desde o início de 2020”. Apesar do contexto favorável o exe- cutivo pondera que essa estimativa de- pende de variáveis, como a quantidade de empresas que continuarão a adotar o home office. No lado particular da Mercedes-Benz há a expectativa pelo novo veículo elétrico para o segmento, mas Leoncini é caute- loso em termos de projeções de venda. O veículo custa de três a quatro vezes mais do que o movido a diesel, e por isso a empresa oferecerá, também, consultoria aos clientes via parcerias. A ideia é facili- tar a transição: segundos os cálculos de Leoncini, se “bem negociado” o custo da eletricidade é possível reduzir os gastos com abastecimento em até 30%. Para caminhões, por ora, Leoncini diz o elétrico não é o ideal devido ao entrave da duração das baterias versus a questão das longas distâncias a serem percorridas – joint venture com a Volvo está empe- nhada no desenvolvimento de células de hidrogênio. A partir de 2023, na Europa, começarão a rodar caminhões Actros do- tados dessa tecnologia. “ É evidente que a entrada do Euro 6 acelerará decisões de compra e renovação de frota. Mas será numa dimensão menor comparativamente à passagem do Euro 3 para o Euro 5.” Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing para caminhões e ônibus PERSPECTIVAS 2022 » MERCEDES-BENZ

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