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77 AutoData | Outubro 2021 Ele diz que se um país tem 80% de sua geração de energia a partir do carvão “quanto mais carro elétrico tiver, mais vai poluir”. E lembra que “o Brasil tem 86% de energia renovável e em teoria o carro elétrico consome pouco, mas desde que se tenha energia. Imagine se tivéssemos frota de 1 milhão de carros elétricos no Brasil hoje, dada a crise hídrica, a falta de chuvas. Por isso temos de olhar o sistema como um todo, não só um pedacinho do carro a combustão, o elétrico etc”. Outro exemplo é o lançamento do e-Up! no Uruguai. Segundo Di Si naquele país 98% da matriz energética são renová- veis, boa parte eólica, e se chega a jogar energia fora pois não há como armazenar tudo que é gerado, o que também reduz as tarifas. Além disso, pelas dimensões reduzidas, já há boa rede de carregamento e bemdistribuída: “Ali um carro elétrico faz todo o sentido. Mas isso é no Uruguai. No Brasil é diferente”. Assim, prossegue, “o Rota 2030 hoje está dentro de um só ministério, o Reno- vabio dentro de outro, e o combustível do futuro coloca todos os ministérios juntos, o da Economia, das Minas e Energia, do Meio Ambiente, da Agricultura etc. em uma só lei”. O executivo se mostra animado com essa possibilidade: diz que as conversas com o governo federal estão avançadas e que “isso será regulamentado nos pró- ximos meses”. Aproveita ainda para lembrar que “a Aneel ainda não regulamentou a forma de distribuição e de cobrança de energia para os postos de recarga de veículos”. E alerta: “É preciso cuidado com a imagem de marca, se preparar. Lançar um car- ro elétrico é o mais fácil, o difícil é ter o ecossistema, os pontos de carregamento e uma distribuição homogênea, o pós- -venda, a engenharia...”. Assim, no universo particular VW, avisa que três segmentos serão os âncoras do futuro: SUVs, picapes e compactos, “que não são mais os mesmos compactos do passado”. É neles que a montadora in- vestirá no País, com modelos elétricos, híbridos e flex. Nesse último reside outro grande ponto de perspectivas futuras VWno Brasil, País elevado pela matriz como centro mundial de P&D para etanol. O centro de pesquisa instalado em São Bernardo do Campo, SP, acredita Di Si, terá impactos tanto rápidos quanto mais alongados: “A Índia, um país enorme, mudará para flex em dois anos. Eles não têm nenhum conhecimento so- bre isso. A curto prazo podemos exportar carros e motores para eles, talvez já em 2023. Nomédio prazo as pesquisas podem facilitar a chegada dos híbridos flex e, no longo prazo, a célula de combustível a etanol. Se encontrarmos uma forma para isso funcionará para o mundo todo, não só para o Brasil. Não será preciso eletrificar um país para reduzir as emissões de CO2. É um projetaço. Se der certo entraremos para a história”. Entusiasmo Di Si demonstra também com o sistema de assinaturas de veículos: neste agosto aVWlançou o programa na- cionalmente, a partir de um piloto iniciado em 2020: “A primeira fase foi de tanto su- cesso que precisamos suspendê-la tem- porariamente pois não haviamais produtos para oferecer. É uma forma de venda que o consumidor adorou, já é realidade”. Ele calcula que ainda em 2022 esse modelo poderá abocanhar de 5% a 10% dos negócios, mas “dependerá também de uma taxa de juros relativamente estável para que o sistema funcione bem. Não pode variar demais”. “ O dia a dia agora está pesado, mas a situação dos semicondutores é passageira, vai se resolver. O ano que vem será de crescimento para o mercado e para a Volkswagen.” Pablo Di Si, presidente

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