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42 Outubro 2021 | AutoData PERSPECTIVAS 2022 » MACROECONOMIA e com os juros mais altos, a retomada dos investimentos, um dos destaques deste ano, tende a perder fôlego em 2022. A expectativa de crescimento da chamada formação bruta de capital fixo – sinônimo de investimentos em bens de produção, como máquinas e equipamentos – cai de 16,3% para menos de 2% no ano que vem ante 2021. A dificuldade em conciliar planos de expansão no Bolsa Família com a fatura de R$ 89 bilhões colocada pelos preca- tórios, o aumento de despesas do orça- mento indexadas à inflação e a perda de arrecadação em desonerações previstas na reforma do imposto de renda encami- nhada ao Senado geram dúvidas sobre a manutenção de compromissos fiscais. É o caso do controle dos gastos públicos no limite estabelecido pela regra do teto, onde a margem permitida a gastos ficou bastante estreita e ainda alimenta receios no mercado. No contexto de deterioração crescente do quadro fiscal, sobe a pressão sobre o câmbio e, por extensão, a inflação, com consequente perda de poder de compra do consumidor e risco de aumento ainda maior do custo de capital, o que levaria à menor disposição das empresas em investir. É assim que Renan Bassoli Diniz, eco- nomista do departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, pon- dera que, a despeito da alta dos juros, a construção civil ainda não dá sinais de arrefecimento. Ao mesmo tempo, com- plementa, a economia poderá surpreender e crescer até 2,5% no ano que vem se a inflação perder força antes do previsto. Nesse cenário, considerado otimista pelo banco, o poder aquisitivo seria me- nos destruído pelas labaredas do dragão da inflação, algo que seria potencializa - do com a recuperação do mercado de trabalho, e brecaria a alta dos juros a um patamar menos contracionista: “Uma vez completado este ciclo, a massa de renda da população também geraria impulsos adicionais ao consumo das famílias e aos investimentos das empresas”. “ A recuperação do setor de serviços e do mercado de trabalho devem ser os principais motores da atividade em 2022. Mas setores mais sensíveis à taxa de juros devem sofrer com o aperto do ciclo monetário.” Lucas Maynard, economista responsável por atividade econômica do Santander Divulgação/Santander

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