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40 Outubro 2021 | AutoData PERSPECTIVAS 2022 » MACROECONOMIA os juros em nível mais elevado para trazer a inflação ao centro da meta, algo que, se os modelos dos economistas estiverem corretos, só vai acontecer em 2023. “A potência da política monetária au- mentou nos últimos anos”, conta o econo- mista chefe do Bradesco, Fernando Hono- rato. “Isso pode implicar efeitos commenor defasagem, e de forma mais pronunciada, sobre a atividade econômica.” E SE HOUVER RACIONAMENTO? Apesar do menor potencial de geração de energia das hidrelétricas, dada a falta de chuvas em regiões que abastecem os reservatórios, a possibilidade de um racionamento é por ora considerada im- provável. Por outro lado é o risco no radar dos economistas que produziria o maior estrago econômico, podendo levar a uma retração do PIB se as empresas forem re- almente forçadas a parar de funcionar por falta de energia. Segundo estimativa do Itaú o PIB recuaria 1,5% no caso de um corte forçado de 10% de energia. No cenáriomais provável dos analistas, contudo, haverá energia, ainda que a pre- ços mais altos, para atender a reabertura econômica permitida pelo arrefecimento da pandemia. Hoje concluída em 60% da população adulta a imunização tem se mostrado eficaz emdiminuir as estatísticas de internações, contaminações e óbitos pela covid-19, permitindo o retorno de serviços não essenciais que sofreram por um longo período de restrições – caso, por exemplo, do turismo, da educação e da indústria de lazer. Em um ambiente de maior circulação, mesmo que com os cuidados sanitários ainda necessários, voltam o consumo e os empregos dependentes de atividades cujo acesso era restrito, contribuindo, especial- mente, na geração de vagas informais, na qual a recuperação está mais atrasada. Não à toa, ainda que não se vislumbre uma taxa de desemprego inferior a 12%, o consumo, pela ótica da demanda, e os serviços, na abertura setorial, são as forças a puxar a economia daqui para frente, de acordo com os analistas. “Há espaço para criação de empre- gos compatível ao nível pré-pandemia, sobretudo em serviços”, diz Honorato, do Bradesco. “A reabertura completa da economia ainda tende a produzir efeitos positivos sobre o consumo das famílias no ano que vem, especialmente de serviços, que apresenta um retorno gradual, mas similar a outras saídas de recessão.” CRESCIMENTO IRREGULAR, MAS DISSEMINADO O surgimento de variantes da covid-19 resistentes às vacinas aplicadas é um risco que pode gerar retrocessos à abertura. Contudo o prognóstico nos cenários mais prováveis de analistas é de crescimento generalizado, embora, claro, alguns se- tores devam avançar mais do que outros. Vítima hoje da escassez global de se- micondutores, responsável por paralisar parcialmente a maioria das montadoras no País, a indústria automotiva pode ajudar a puxar a economia se, de fato, a regu- larização no abastecimento de insumos permitir a recomposição de estoques no segundo semestre do ano. Acima dos R$ 5 o dólar seguirá jogando a favor da competitividade dos produ- tos brasileiros no Exterior, de modo que a expectativa é de mais um ano recorde nas exportações, ainda que a tendência de desaceleração da economia global não permita que os embarques repitam o impulso deste ano. Além da indústria a demanda interna- cional deve contribuir com a agropecuária, que deve ter mais uma safra de recorde na produção de grãos, e setores extrativistas que produzem commodities industriais cujos preços devem se acomodar, porém sem retroceder do elevado patamar atual. “A recuperação do setor de serviços e do mercado de trabalho devem ser os principais motores da atividade em 2022. Ademais, setores menos cíclicos como agropecuária e indústria extrativa têmboas perspectivas”, resume Lucas Maynard, economista do Santander. “Mas ativida- des mais sensíveis à taxa de juros devem sofrer com o aperto do ciclo monetário.” Diante de um ambiente de incertezas,

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