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39 AutoData | Outubro 2021 Divulgação/Bradesco crescimento do PIB em 2022 estão hoje em 1,6% no ponto médio das projeções coletadas pelo próprio BC em seu bole- tim Focus. O otimismo dos economistas vem, porém, diminuindo à medida que a escalada da inflação vai contratando mais juros pela frente. Até sete meses atrás, quando o plano do BC era manter ao menos parte dos estímulos monetários que, junto com os R$ 300 bilhões injetados via auxílio emer- gencial, ajudaram a reanimar a economia em plena crise sanitária, os prognósticos apontavam crescimento de 2,5% no ano que vem. No entanto as contas tiveram que ser refeitas depois que adversidades climáti- cas – motivo de aumento tanto dos preços de alimentos quanto, mais recentemente, das tarifas de energia –, combinadas a um dólar que se alimenta de riscos na política e no campo fiscal, deixaram claro que os juros terão que caminhar a um terreno contracionista. Traduzindo em projeções do mercado isso significa que o Banco Central terá que elevar a taxa básica de juros para 8,5%, ou 10% nas previsões mais pessimistas, tendo como consequência um aperto das condi- ções de financiamento que temo potencial de limitar o crescimento do ano que vem a 0,5 %. É o que já preveem departamentos de estudos macroeconômicos de bancos como o Itaú. Não há expectativa de que o BC encon- tre margempara afrouxar tão cedo o cinto. A pressão por gastos e incertezas típicas de anos eleitorais tornam improvável que venha um alívio expressivo na percepção de risco fiscal que faz o real se desvalorizar mais do que outras moedas emergentes perante umdólar também fortalecido pelo início cada vez mais próximo da remoção gradual de estímulos monetários nos Es- tados Unidos. Incluindo na conta o quadro de aperto de oferta, bem conhecido da indústria au- tomotiva e que sugere um período mais longo de repasses ao consumidor de cus- tos ainda represados no atacado, o resul- tado esperado é umBC forçado a segurar “ A reabertura completa da economia ainda tende a produzir efeitos positivos sobre o consumo das famílias em 2022, especialmente em serviços, que apresenta um retorno gradual mas similar a outras saídas de recessão.” Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco

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