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34 Outubro 2021 | AutoData PERSPECTIVAS 2022 » PANORAMA GERAL fosse desejado. No caso dos caminhões pesados, por exemplo, o que for vendido neste último trimestre de 2021 será para entrega apenas no segundo trimestre de 2022. Das dezenas de executivos e dirigen- tes do setor automotivo ouvidos pela equipe da redação de AutoData para esta edição especial Perspectivas nenhum, absolutamente nenhum, estimou uma redução de mercado ou de produção para o ano que vem. Todos, em coro, apontaram que quanto mais a situação do fornecimento de semicondutores se reequilibrar – e também o quadro das operações logísticas, particularmente das rotas de navios e preço/oferta de contêineres – melhor será o índice de crescimento. Na média as apostas dos que arrisca- ramprojeções vão de avanço de umdígito rechonchudo a dois dígitos magricelos. Há, entretanto, registros mais afastados nas duas pontas, ou seja, ouviu-se tanto estimativas de empate técnico com 2021 quanto de crescimento na faixa de 20%, dependendo da empresa e do segmento de atuação. Para a gigantesca maioria, de qual- quer forma, está claro que a escassez de componentes não se normalizará de um dia para o outro: certamente estará presente também no ano que vem. Mas a tendência, ou pelo menos o forte de- sejo, é a de que a situação melhore um pouquinho a cada dia conforme avançam as semanas e meses. Em suma 2022 terá a seu favor um mercado comprador, com a continuidade do quadro atual que mostra as montado- ras conseguindo entregar menos do que os consumidores querem comprar. Está longe de ser um cenário ideal, mas onze de cada dez executivos do setor auto- motivo, se fossem obrigados a escolher um problema para administrar, ficariam com esse: é 1 milhão de vezes preferí- vel vender menos por falta de produto do que por falta de cliente, este sim um quadro dificílimo e de retorno geralmente mais lento. Não é o caso. Além disso o momento torna facilitado o repasse de aumento de custos e recomposição de margens, principalmente em ummercado que está, no momento, muito propenso à aquisição de modelos de maior valor, como os SUVs. Isso poderá, sem muita margem de erro, significar um primeiro semestre posi - tivo para a indústria automotiva brasileira em 2022. Alguns executivos se mostram mais preocupados com o segundo se- mestre, pois um cenário em tese me- lhor no fornecimento de componentes eletrônicos se encontrará de frente com um momento de eleições gerais, que usualmente cria maior instabilidade po- lítica que, por sua vez, reflete na cotação do câmbio. Outra preocupação generalizada nos escritórios e/ou home offices das fabricantes de veículos e de peças são os índices crescentes de inflação: todos concordam com a aplicação do amar- go remédio de aumento dos juros para combater esse mal, mas sabem que isso desembocará em um forte aumento dos custos de capital, o que é ruim tanto para o lado do consumidor quanto do das em- presas: crescem os custos para finan - ciamento de veículos, o que pode inibir parte da demanda, e também aqueles para investimentos. Um tanto decepcionante também é o quadro para o PIB, estimado pelo Banco Central para ficar abaixo de 2% no ano que vem. Poucos apostam que o resultado final será melhor do que isso: a maioria entende que teremos que continuar a conviver com um pibinho por mais um exercício, o que é tanto frustrante quanto preocupante para um retorno a anos bem mais vigorosos em termos de vendas e produção após 2022. Há um outro cenário preocupante cor- rendo por fora: a crise energética. Que

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