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22 Outubro 2021 | AutoData de. Além do processo político também temos outros pontos, como a questão fiscal, que é grave, com grande défi - cit público, além das taxas de juros em elevação, assim como a inflação. Tudo isso bate forte no preço final. Será um ano complicado, ainda aguardamos as reformas estruturais que o País precisa e que não saíram, mas com a vacinação avançando e a pandemia sob controle a economia deverá ter um ritmo bom de atividade. Dada a falta de produtos nas revendas ocorrida em 2021 a Fenabrave acredita que pelo menos parte dessa demanda reprimida poderá será atendida já no ano que vem? Reforço que tudo dependerá da oferta de produtos: se houver produto para vender a tendência é a de que a de- manda reprimida seja atendida em 2022. Hoje ela existe pelas dificuldades que as montadoras têm para produzir, cenário que, sendo realista, persistirá no primeiro semestre do ano que vem e, até lá, esse represamento de parte das vendas ainda existirá, ainda que talvez em proporção menor do que hoje. Também teremos uma demanda das locadoras, que com- prarammenos durante a pandemia, para atender. No primeiro semestre o setor deixou de vender cerca de 120 mil unidades pela crise dos semicondutores e no segun- do semestre esse problema continua. A Fenabrave já tem um número fechado de quantos veículos deixarão de ser co- mercializados até dezembro? Estamos trabalhando com as projeções da Anfavea, porque o que se produz é o que se vende hoje no Brasil: os estoques estão muito baixos, mas analisamos que seria possível ter vendido 20% a mais até agora, se houvesse veículos disponíveis. O número final deste ano dependerá muito da capacidade de produção da indústria. É um ponto que nos preocu- pa, mas venderemos o volume que for entregue. E com relação aos estoques? Chegamos ao menor nível da série his- tórica desde 1999, sete dias de estoque na indústria, sendo que parte desse vo- lume ainda está inacabado nas fábricas, e doze dias nas concessionárias, o que representa algo em torno de 56 mil uni- dades. As revendas estavam acostuma- das a trabalhar com, pelo menos, trinta dias de estoque. Quando o sistema de produção e entrega são muito eficientes esse número cai para vinte, 22 dias, mas nunca trabalhamos no nível atual. Isso continuará ao longo da primeira metade do ano que vem, mas o quadro deve começar a melhorar por volta de abril, maio. Diante do cenário será possível chegar a dezembro ainda dentro das atuais pro- jeções da Fenabrave? Para automóveis e comerciais leves nós começamos o ano com projeção de crescimento de 15,8% e depois recu- amos para 10,7%. O número final, porém, deverá ficar bem abaixo disso, em tor - no de 3%, por causa dos problemas de oferta e principalmente porque no último trimestre do ano passado o mercado tinha veículos disponíveis e agora não conseguiremos entregar o volume espe- rado para este período, que geralmente é bem aquecido. “ Se houver produto para vender a tendência é a de que a demanda reprimida seja atendida em 2022. Hoje ela existe pelas dificuldades que as montadoras têm para produzir, cenário que persistirá no primeiro semestre do ano que vem.” FROM THE TOP » MARCELO FRANCIULLI, FENABRAVE

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